A calamidade na saúde pública do Rio Grande do Norte continua, mesmo com o término oficial do Estado de Calamidade. Depois de seis meses, a situação dos hospitais estaduais continua colocando em risco a vida de quem necessita de atendimento médico. O caso mais emblemático é do hospital Walfredo Gurgel. O Walfredo é o único hospital do Estado habilitado em todas as especialidades. Os corredores do hospital estão com cerca de 50 pacientes amontoados em macas e os acompanhantes têm que dormir no chão. Há mortes diárias por falta de leitos nas UTI’s. Os trabalhadores do hospital estão em situação permanente de stress, suportando todo tipo de precariedade, de assédio moral e os usuários sofrem cotidianamente com a dor, com as mortes, e com a falta de estrutura.

Mas a situação no Walfredo Gurgel é somente a ponta do estrangulamento da situação da saúde pública no Rio Grande do Norte. A superlotação do hospital demonstra o fato de que estamos em um sistema único de saúde que está sendo sucateado e privatizado. Uma rede de atendimento que está sendo violentamente atacada desde o âmbito municipal, estadual e federal. No município de Natal as Organizações Sociais (OS’s) foram utilizadas para privatizar unidades e só não permaneceram porque o Ministério Público interveio. Nos hospitais estaduais o sistema de cooperativas conspira contra o sistema público e também em nível federal, a entrega dos hospitais universitários como o Onofre Lopes para a EBSERH é claro atentado à saúde pública.

Por isso, a liberação emergencial de R$ 33 milhões pelo Governo Federal não resolverá o problema, pois além de ser insuficiente, o sistema público está sendo desmontado através de todos os mecanismos de privatizações e por todos os governantes.

Em meio à perplexidade nacional com a situação de calamidade na saúde no Estado, a governadora Rosalba, de forma sádica, teve a cara de pau de dizer que “já é possível perceber as melhorias e que o balanço dos 180 dias é positivo”. Em nossa opinião a governadora deveria ser responsabilizada criminalmente pelas mortes que estão ocorrendo por falta de leitos e de atendimento. O governo Rosalba já tem o diagnóstico dos problemas da saúde há dois anos e até agora só aplicou medidas paliativas, além de adotar uma política de privatizações e de ataque aos trabalhadores da saúde.

Na cidade de Natal, assim como em outras capitais do Brasil, o que temos visto é que tem verbas sendo destinadas para as obras da Copa, como a construção de estádios, grandes avenidas, etc. Mas não são os mesmos recursos destinados à construção de hospitais, de aparelhamento das unidades de saúde nos bairros e para a contratação de mais profissionais por concurso público. O último orçamento previsto do município, por exemplo, destina mais de 700 milhões para obras e apenas metade desse valor para a saúde. Ainda assim, desta verba para a saúde, nem tudo é aplicado para a saúde pública, sendo que boa parte vai parar nos bolsos das entidades privadas.

Diante de tanto sofrimento humano gerado pelo caos na saúde pública do Rio Grande do Norte, é ainda mais indignante a situação das mulheres que necessitam das maternidades. Muitas mulheres em trabalho de parto ficam sendo deslocadas de uma maternidade para outra à procura de um leito. Algumas mulheres perderam seus bebês. Tanto o Estado quanto o município não oferecem condições dignas para as mulheres terem seus filhos.

A resposta a esta situação exige dos movimentos sociais e de todas as entidades de trabalhadores do Rio Grande do Norte uma mobilização permanente para lutarmos contra os ataques desferidos à saúde pública pelos governantes. Temos que unificar a população pobre e trabalhadora que está agonizando nas filas com os trabalhadores da saúde que estão esgotados pelas condições insuportáveis de trabalho.

  • Em defesa do SUS! Pela saúde pública 100% estatal e de qualidade!
  • Nenhuma forma de privatização da saúde!
  • Contra a política privatizante do governo de Dilma de entregar os hospitais universitários à EBSERH!
  • 6% do PIB Nacional para a saúde! Aplicação de 25% do orçamento estadual e municipal na saúde! Dinheiro público somente para a saúde pública!
  • Atendimento a todas as reivindicações dos trabalhadores da saúde!
  • Construção de um novo hospital estadual em Natal já! Aparelhamento da rede básica de saúde do município de Natal! Se tem dinheiro para a Copa tem que ter dinheiro para hospitais!
  • Responsabilizar a governadora pelas mortes! Fora Rosalba!

    Amanda Gurgel, vereadora de Natal pelo PSTU e Dario Barbosa, presidente Estadual do PSTU