Lula é parceiro do agronegócio. Financia grandes agricultores e ignora superexploração dos trabalhadores do campoNo ano passado, o presidente chegou a chamar os usineiros de “heróis nacionais” e transformou o negócio do etanol em uma das vedetes do governo federal.

Já no primeiro ano de seu governo, Lula mostrou que estava ao lado do latifúndio. Nomeou um representante do setor como ministro e distribuiu um total de R$ 4.349 bilhões de generosos créditos, via Banco do Brasil, para os grandes empresários do campo. Entres as empresas beneficiadas estão muitas transnacionais: Aracruz celulose (R$ 1.167 bilhão), Cargil (R$ 921 milhões), Bunge (R$ 607 milhões), ADM (R$ 585 milhões), Nestlé (R$ 330 milhões), Rhodia (R$ 304 milhões), Monsanto (R$ 68 milhões) e Bayer (R$ 58 milhões). Ou seja, o governo utiliza as verbas de serviços públicos como saúde, educação e Previdência, para financiar o agronegócio.

Além disso, o governo também renegocia a dívida dos grandes agricultores, que usam o voto da bancada ruralista no Congresso como moeda de troca.
Puxado pela alta das commodities, o agronegócio fechou 2007 com um Produto Interno Bruto (PIB) recorde de R$ 611,8 bilhões. Com esse faturamento, o setor representa 23% da economia brasileira em 2007, contra 22,4% em 2006.

Mas o crescimento do agronegócio também tem relação com o pagamento das dívidas externa e interna. O governo financia a produção das commodities porque elas garantem saldo na balança comercial que é utilizado para pagar os juros das dívidas.

Exploração do trabalho
Por trás das estatísticas de super-safras, das cifras de milhares de toneladas exportadas, está uma das faces mais perversas do agronegócio: o trabalho precário e desumano de milhares de camponeses. Algo que nem mesmo as campanhas publicitárias, que apresentam o agronegócio como sinônimo de “modernidade” conseguem esconder.
A produtividade do agronegócio e o baixo valor das commodities brasileiras se baseiam, principalmente, num trabalho que beira a escravidão. A produtividade média do cortador de cana duplicou desde a década de 80 – chegando hoje a 12 toneladas por dia.

Além disso, o agronegócio é quem mais infringe a legislação trabalhista e os acordos coletivos. A produção do açúcar e o álcool no Brasil estão banhados de sangue, suor e morte. Os trabalhadores chegam a morrer de tanto trabalhar. Em São Paulo, que tem 400 mil cortadores de cana, cada um deve colher pelo menos 10 toneladas por dia. Em média, os cortadores não conseguem trabalhar mais do que 15 anos. Entre as safras de 2004 e 2006, 10 deles morreram apenas em São Paulo, ganhando um salário de fome que varia de R$ 380 a R$ 470.
Grande parte do sucesso do etanol, tão comemorado pelo governo, está sustentado por esta situação de superexploração.
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