Vamos tomar as ruas contra o senhor da guerra!Já está confirmado. O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, estará no Brasil nos dias 8 e 9 de março. A princípio a visita estava programada para o segundo semestre de 2007. No entanto, o senhor da guerra apressou seu encontro com Lula. Embora o pretexto siga sendo os biocombustíveis, o objetivo central do governo norte-americano é buscar a ajuda do presidente brasileiro para recuperar influência sobre a América Latina. Do Brasil, Bush segue para Uruguai, Colômbia, Guatemala e México, em uma rodada que termina no dia 14 de março.

Nova cara
Dois dos mais influentes homens do governo norte-americano já estiveram no Brasil nesses últimos dias. O vice-secretário norte-americano para assuntos políticos, Nicholas Burns (terceiro na hierarquia do Departamento de Estado daquele país) e o secretário-adjunto responsável pela América Latina, Thomas Shannon, desembarcaram no dia 6 de fevereiro e permaneceram até o dia 8. Os representantes destacaram que 2007 será o “ano do compromisso” dos EUA com a América Latina.

Shannon foi nomeado recentemente para o cargo. Ao contrário da maioria dos falcões da Casa Branca, seu perfil é o de um negociador que procura restabelecer a influência imperialista na região. “Se engajarmos (a América Latina) de uma forma inteligente, nós teremos um impacto significativo na região”, declarou. Ele também disse que os EUA “deixaram a ideologia de lado”, acrescentando que “o que importa para a secretária (de Estado, Condoleezza) Rice é o compromisso (dos líderes eleitos) com a democracia e as reformas necessárias”. Shannon também defende uma nova relação com o presidente Hugo Chávez, da Venezuela: “Os Estados Unidos não desejam uma política de confrontação com o governo do presidente Hugo Chávez, o Departamento de Estado pretende melhorar o tom e a textura de nossa mensagem em relação à Venezuela”.

Em pauta, América Latina
Muito longe de uma discussão sobre combustíveis alternativos, a principal causa da visita de Bush se encontra na fragilidade do imperialismo em um continente marcado por levantes revolucionários e pela onda de governos ditos de “esquerda” e nacionalistas burgueses.

A razão desse enfraquecimento se encontra do outro lado do mundo, mais precisamente no Iraque. A ofensiva após o 11 de Setembro levou os EUA a um atoleiro. O país mais poderoso do mundo está em um beco sem saída, cercado pela resistência iraquiana e pelo repúdio da população de seu próprio país com as mortes dos soldados. Existe uma crise no governo norte-americano, com uma divisão da burguesia ianque. A derrota de Israel – aliado do imperialismo na região – na guerra contra o Líbano aumentou o enfraquecimento dos EUA no Oriente Médio.

Os reflexos do enfraquecimento foram sentidos em nosso continente, onde ocorreram uma série de processos revolucionários – Argentina, Bolívia, Equador, etc. – e a eleição de governos com verniz de esquerda, como os de Evo Morales (Bolívia), Tabaré Vasquez (Uruguai) e Lula (Brasil), ou nacionalistas burgueses, como o de Chávez, na Venezuela. O imperialismo está preocupado com esses fenômenos e também com as nacionalizações anunciadas pelos governos boliviano e venezuelano.

Uma outra expressão dessa situação é a crise da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), um projeto imperialista que pretende retroceder todos os países do continente ao status de colônia.

Papel de Lula
Os EUA sabem que Lula é uma grande referência no continente e pode ser um ponto de equilíbrio para impedir que se alastre o sentimento antiimperialista do povo latino-americano. Por isso, pretendem traçar uma agenda comum com o Brasil para recuperar a influência na região.

Nesse sentido, Burns afirmou que não teme uma virada à esquerda do Brasil. Lula sempre dedicou elogios a Bush, a quem chegou a chamar de “amigo”. A política adotada pelo governo brasileiro é de cooperação com o imperialismo. Lula, por ser o presidente do maior país do continente, pode servir como extintor de incêndio diante das mobilizações que sacodem a América Latina.

É o que vem fazendo, por exemplo, no Haiti, liderando uma “missão de paz” da ONU que vem massacrando a população do país caribenho (ver matéria abaixo).

Fora Bush!
Todos os lutadores dos movimentos sociais e populares estão convocados a preparar um ato de repúdio contra a visita de Bush no Brasil. É preciso construir um grande protesto no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, a exemplo das manifestações contra Bush que ocorreram na Argentina em novembro de 2005. O protesto ganha mais importância ainda porque a visita do senhor da guerra será pouco antes do dia 20 de março, quando a invasão ao Iraque completará quatro anos. Mas nessa luta também é necessário levantar a bandeira de “Fora as tropas brasileiras do Haiti!”, que lideram uma vergonhosa ocupação colonial a serviço de Bush.
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