A ameaças dos EUA sobre o Irã crescem a olhos vistos. Nas últimas semanas se intensificaram as denúncias de que o governo Bush estaria preparando um ataque contra a república islâmica. Hillary Mann, ex-diretora do Conselho Nacional de Segurança para Assuntos Iranianos e ignora Golfo Pérsico que atuou com Bush entre 2001 e 2004, declarou em uma entrevista à CNN que os Estados Unidos “querem impulsionar um conflito provocador e acidental”, como pretexto para justificar “ataques limitados” contra infra-estruturas nucleares e militares do Irã.

A campanha de demonização do Irã não pára e ocorre na véspera do aniversario dos quatro anos da invasão ao Iraque (ver matéria abaixo). O governo norte-americano, auxiliado pela grande imprensa, repete a exaustão que o país “ameaça”, “desafia” e viola a resolução 1737 da ONU – que proíbe a proliferação de armas nucleares.

Uma campanha que transpira hipocrisia. Mais uma vez o imperialismo se utiliza do Tratado de Proliferação Nuclear para não apenas converter o Irã na “grande ameaça”, mas também parta assegurar o domínio nuclear nas mãos de seus aliados. Aliados estes que violam sistematicamente o Tratado, como a Índia, Paquistão e Israel, países amigos os EUA e detentores de bombas atômicas.

Cerco
Neste momento os porta-aviões norte-americanos Eisenhower e o John C. Stennis estão posicionados próximos à costa do Irã. Às vezes, eles chegam à distância de tiro da cidade portuária de Bushehr, que supostamente possui uma instalação nuclear. “Não deve ser uma sensação boa para os iranianos“ , diz o almirante Michael Miller, comandante do grupo de ataque do porta-aviões USS Reagan.

Diversos blogs e sites independentes falam sobre duas hipóteses caso os EUA desfiram algum ataque. A primeira seria um iminente e surpreendente ataque militar americano. A segunda hipótese seria um ataque unilateral israelense, semelhante ao que houve contra o reator nuclear iraquiano Osirak, em 1981.

Avante!?
As ameaças do imperialismo ao Irã correspondem a uma situação bastante complicada. O plano inicial da administração Bush previa a invasão ao país. No entanto, os EUA atolaram no pântano iraquiano, o que, num primeiro momento, impediu Bush de tomar uma medida de força militar contra a república islâmica.

Diante da crise no Iraque, o governo dos EUA foi obrigado a apelar para os aiatolás iranianos para sustentar o atual governo fantoche iraquiano. Em boa medida, o governo do primeiro ministro, Nuri al Maliki, dirigido pelas forças xiitas, entre elas, o Conselho Supremo da Revolução Islâmica, depende da colaboração do regime iraniano para existir.

Mas a crescente ação da resistência iraquiana contra a ocupação colonial do Iraque coloca no horizonte a possibilidade de uma derrota militar do imperialismo. Algo que seria terrível para Bush ou qualquer governo que venha substituí-lo na Casa Branca em 2009. As últimas informações mostram que a resistência está se fortalecendo, a despeito dos bárbaros ataques desferidos pelos ocupantes. Uma mostra disso é que os EUA vêm perdendo helicópteros a um ritmo de um por semana, derrubados pelas armas antiaéreas da resistência. Soldados também estão desertando. Em 2006 desertaram 1.988 militares norte-americanos, uma meédia de cinco casos por dia.

Para piorar, o premiê Tony Blair anunciou que vai retirar parte das tropas britânicas do Iraque até o final de 2007. Aliado incondicional de Bush, Blair não suportou os custos políticos causados pela guerra.

Há uma divisão da burguesia ianque. Um setor ainda defende negociações com Irã por temer com um conflito possa agravar ainda mais a crise. Bush reage com um aprofundamento de seus planos de agressão, anunciando o envio de mais 21.500 soldados para “pacificar” Bagdá. Ao mesmo tempo, faz uma enorme chantagem sobre o Irã, ameaçando bombardear o país, caso não aceite se subordinar às ordens imperiais.
É a política de “ir avante” que alguns governos fazem quando estão metidos em uma situação de crise esperando se salvar seguindo em frente, criando assim uma situação na qual se espera que as pessoas sintam que têm de apoiá-lo.

Para pavimentar esse caminho, Bush apelaria para ações provocativas. Como utilizar as velhas botas empoeiradas das “armas de destruição em massa” supostamente sob posse do Irã.

Massacres em nome da democracia
Enquanto o imperialismo faz chantagens ao Irã, o povo iraquiano sofre com os rotineiros banhos de sangue das tropas ocupantes. A cada dia aumentam as suspeitas de que as tropas de ocupação promoveram um verdadeiro massacre em janeiro em Najaf, no qual 263 pessoas foram mortas e outras 210 ficaram feridas. De acordo com os jornais iraquianos, o que ocorreu foi um enfrentamento entre a tribo xiita Hawatim, que estava numa peregrinação a Najaf quando seu chefe e sua esposa foram mortos em um posto de soldados do exército iraquiano. A tribo atacou o posto de controle para vingar a morte de seu chefe.

Os soldados e os policiais comunicaram que estavam sendo atacados por efetivos da resistência. Em seguida, chegaram helicópteros dos EUA e teve início um intenso bombardeio. A versão oficial propagada aos quatro ventos é de que as tropas coloniais impediram um “massacre terrorista” contra iraquianos.

Subjugar
Desde a revolução iraniana de 1979, que varreu a ditadura do Xá Pahlevi, o imperialismo, segue determinado em tornar o Irã um país servil aos seus interesses na região. Mas, apesar do caráter burguês e reacionário do regime dos aiatolás, o Irã manteve uma relativa independência em relação ao imperialismo norte-americano, que nunca desistiu de retomar seu controle direto sobre o país, estratégico no Oriente Médio, com imensas fontes de petróleo.

Por isso, buscam comprometer o governo iraniano com a política de “estabilização” em Bagdá, apontando os canhões de seus navios para o país persa.

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