No dia 21 de abril de 2010, completa-se 50 anos que Brasília. A comemoração, tão esperada, foi arruinada pelo escândalo de corrupção denunciados no final de 2009, que culminou na renúncia do vice-governador Paulo Octávio, e na cassação do governador, José Roberto Arruda.

Mesmo com o afastamento de Arruda e Paulo Octávio, boa parte dos envolvidos continua ocupando cargos públicos, como o exemplo dos deputados denunciados na Operação Caixa de Pandora, que continuam na Câmara Legislativa. Na Câmara, até mesmo foram arquivados os processos de investigação destes deputados, estando apenas um processo de impeachment em tramitação.

A solução que tem sido dada para uma das maiores crises políticas em nossa cidade é a eleição indireta para governador. Ou seja, quem elegerá o “governador-tampão” que conduzirá Brasília até o fim do ano são os deputados Distritais. Dentre os 24 deputados, 19 são da base de Arruda, e 12 deputados e 14 suplentes estão na lista dos investigados.

Enquanto isso, parte da população nutre alguma esperança na cada vez mais distante intervenção federal. Há quem pense que a intervenção garantirá a continuidade das investigações e punição de todos em envolvidos. Na verdade a intervenção federal não assegura em nada que os corruptos serão punidos. Ela dá ao presidente Lula e aos mensaleiros do PT (cujo governo é aliado do PR de Wilson Lima, do PMDB de Eurides Brito e Filipelli, do PTB de Gim Argello e de outros partidos da base arrudista e Joaquim Roriz) o poder de indicar o governador do Distrito Federal. É uma saída tão antidemocrática quanto as eleições indiretas.

Nós do PSTU defendemos a antecipação das eleições gerais para governador e deputados distritais. Numa grave crise de corrupção, que põe em cheque a autoridade da Câmara Legislativa, esta não pode ficar responsável por escolher o governante. Numa “democracia” tão limitada, onde apenas podemos escolher nossos governantes, não podemos perder mais este direito.

Comemoração Prejudicada
A festa para os 50 anos de inauguração da capital estava sendo muito esperada por todos. Totens com a contagem regressiva dos dias estão espalhados pela cidade desde que faltavam 700 dias para o 21 de abril de 2010.

Grandes atrações internacionais estavam sendo esperadas, como o ex-Beatle Paul McCartney e Madonna, e artistas nacionais como Roberto Carlos estavam previstos na programação. Depois do escândalo, Roberto Carlos, e outros artistas, se recusaram a participar do aniversário da cidade, para não se vincular ao governo corrupto.

O orçamento para a festa foi cortado pela metade, e está prevista uma comemoração como a de qualquer outro aniversário. Além disso, as obras na Esplanada dos Ministérios, que vêm sendo realizadas há vários meses, não ficarão prontas a tempo da festa. A Catedral, por exemplo, tem a conclusão de sua reforma prevista para novembro.

Com Arruda, os trabalhadores e a juventude do DF ganharam de presente em seu aniversário mais um escândalo de corrupção para a cidade que em geral é lembrada apenas por isso. Como não se bastasse, às vésperas do aniversário, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) mandou soltar nesta Arruda e mais cinco aliados. Uma comprovação de que a justiça não merece a confiança dos trabalhadores.