A Conlutas decidiu enviar novamente uma delegação ao Haiti. O objetivo é retomar a campanha pela retirada das tropas brasileiras do país. Três ativistas da Conlutas estão no Haiti e vão participar da programação do 1º de Maio, levando o apoio de parte da classe trabalhadora brasileira.

Essa delegação é composta por José Geraldo Corrêa Junior, o Gegê, representando a Conlutas; Julio César Condaque, representando o Sepe-RJ; e Antonio Lisboa Leitão de Souza, representando o Andes-SN. Eles estão enviando informes diários sobre suas atividades. Abaixo, reproduzimos o relato do primeiro dia no país caribenho.

Saímos do Brasil com uma grande expectativa sobre nossa viagem. O vôo saiu no horário previsto, 3h40, do dia 27 de abril. Chegamos ao Haiti às 14h do mesmo dia, horário local. No Brasil, eram 16h.

Fomos recebidos pelo nosso velho conhecido, o companheiro de luta Didier Dominique, dirigente do Batay Ouvriye. Fomos direto para a sede da Batay, localizada no bairro Bel Air, que é um dos grandes e mais populosos bairros com tradição de luta no Haiti. Bel Air já foi palco de diversas manifestações populares na defesa dos direitos dos trabalhadores haitianos.

Na sede da Batay, encontramos diversas lideranças sindicais e do movimento popular com quem tivemos uma primeira conversa de apresentação. Além da solidariedade, manifestamos nosso apoio à luta do povo haitiano, nossa disposição em participar da construção do 1º de Maio, entendido como marco da resistência contra a opressão imperialista, pela liberdade e autodeterminação dos povos e pela retirada das tropas brasileiras no Haiti.

Havia companheiros que eram lideranças populares, lideranças camponesas, lideranças operárias e uma companheira que é um dos símbolos da resistência da luta dos trabalhadores haitianos, pois foi demitida em uma manifestação da Batay. e sua readmissão é um dos pontos importantes da luta dessa organização.

Após essa reunião, fomos para a Faculdade de Etimologia da Universidade do Haiti. Lá havia um debate promovido por um conjunto de entidades, cujos representantes também discutiam a preparação das manifestações do 1º de Maio. Gegê fez uma saudação em nome da delegação brasileira. Ele expôs o objetivo da viagem e reivindicou a luta pela retirada das tropas brasileiras, relacionando essa luta com a luta dos trabalhadores brasileiros.

Ele também destacou que nossa estratégia deve ser a luta pelo socialismo. Após essa intervenção, fomos saudados e acolhidos com manifestações diversas, inclusive com um canto representativo da resistência do povo haitiano.

Este 1º de Maio terá uma importância singular na luta do povo trabalhador haitiano. Neste ano, ele será realizado em conjunto com diversas organizações sindicais e populares. Junto com Batay, estarão organizações camponesas, organizações do movimento popular, organizações de pequenos comerciantes, organizações de desempregados e estudantes, todos dizendo: “Fora as Tropas Brasileiras do Haiti!”.

Terminada a reunião, fomos para o alojamento descansar porque o dia seguinte prometia. Vamos repetir e parafrasear nossa primeira viagem: Bem vindos ao Haiti, cada vez mais rebelde!