Laura, uma jovem de 23 anos, passou por cinco hospitais públicos em São Paulo em busca de atendimento. Enquanto passava de um hospital a outro, o coágulo em sua perna se deslocou para o pulmão. Morreu três dias depois no Hospital das Clínicas.
Werley Guimarães caiu do telhado em Brasília (DF). Fraturou várias costelas e entrou em insuficiência respiratória. Necessitava de UTI, mas não havia vagas. A família conseguiu uma liminar na justiça, garantindo vaga, mas não adiantou. Werley morreu.

Duas situações
Esses casos ocorreram em Brasília e São Paulo, a capital e a cidade mais rica do Brasil. No restante do país, a situação é muito mais grave. As mortes desnecessárias mostram a face mais brutal do caos na saúde pública. As filas intermináveis, as horas de espera nos hospitais, e a demora de muitos meses para o atendimento de especialistas são partes do cotidiano dos trabalhadores e de todo o povo pobre do país.

Mas isso não existe para a elite brasileira que inclui os grandes empresários, políticos dos grandes partidos e outros. Eles são atendidos rapidamente em hospitais modernos e luxuosos (como o Einstein e o Sírio Libanês, em São Paulo), com especialistas qualificados. Por isso, quando um dos candidatos da oposição de direita ou do bloco governista prometer que tudo será resolvido votando nele, lembre-se disso: eles não precisam da saúde pública. Por isso, a cada ano, a situação fica pior.

Desastre causado pela privatização da saúde
Foi imposto um plano de privatização da saúde no país, sucateando o setor e estimulando os planos privados. Hoje, 47,9 milhões de pessoas, 25% da população brasileira, paga pelos planos de saúde privados. Agora que já conseguiram impor a privatização, esses planos também apresentam enormes problemas, com grandes atrasos nos atendimentos nos hospitais e nas consultas a especialistas. Além disso, ainda “empurram” parte dos pacientes para os já abarrotados hospitais públicos, como nos casos de politraumatizados, pacientes terminais, portadores de HIV e pessoas com transtornos mentais mais severos.

Em julho, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) – em geral completamente omissa – suspendeu a comercialização de nada menos do que 268 planos de saúde de 37 operadoras. Isso é mais uma comprovação de que, ao contrário do afirmam os defensores da privatização do atendimento em saúde, a gestão privada não garante os parâmetros necessários para um bom atendimento.

A pesquisa IBOPE, de maio de 2012, identificou que, mais uma vez, a saúde é a principal preocupação dos brasileiros. Apesar do apoio popular ao governo Dilma, 66% dos entrevistados desaprovam a política de saúde deste mesmo governo.

O PSTU é contra a privatização e subfinanciamento da saúde. Afirmamos categoricamente que é necessário um sistema 100% público e estatal. Nossa proposta é que o Estado brasileiro, em seus três níveis (federal, estadual e municipal), duplique os gastos com saúde, chegando a, pelo menos, 6% do PIB. Defendemos que toda verba pública seja gasta apenas em saúde dentro do sistema estatal. Exigimos que todos os hospitais e demais equipamentos sejam estatizados.
Post author Ary Blinder, de São Paulo
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