Marina Peres

Pesquisas recentes indicam que o Brasil tem hoje por volta de 12 a 13 milhões de desempregados. A estatística, no entanto, não demonstra toda a realidade. Um estudo recente, feito pelo Banco Credit Suisse, revela que, se contabilizadas as pessoas que trabalham em bicos, que trabalham poucas horas e queriam trabalhar mais mas não encontram emprego, ou até aqueles que desistiram de procurar trabalho, o desemprego no Brasil chega a 21,2%.

Terceirização, bicos e empregos temporários
Durante os anos de governo do PT, diminuiu a quantidade de postos de trabalho mais qualificados e com remuneração um pouco melhor no Brasil, sendo substituídos por postos de trabalho terceirizados e com alta rotatividade. Uma parte enorme dos trabalhadores brasileiros vive entre bicos e empregos temporários. Isso quer dizer que temos menos direitos, que somos obrigados a aceitar salários rebaixados e condições de trabalho péssimas.

Os números, portanto, não mostram a quantidade de desemprego e subemprego existente entre os trabalhadores brasileiros. Além disso, ainda estamos enfrentando prefeituras que dificultam a vida dos vendedores ambulantes e camelôs, muitas vezes a última alternativa que resta pra segurar alguma renda. Governos se unem em uma política desastrosa para os trabalhadores.

As medidas do governo Temer
Nos últimos dois anos, segundo o próprio Ministério do Trabalho, mais de um milhão de trabalhadores que foram demitidos e/ou deixaram de receber seguro desemprego. Após as medidas do governo Dilma, só quem esteve trabalhando por pelo menos um ano consegue seguro desemprego. Ou seja, o direito não pode mais ser acessado justamente por quem mais precisa, que são as trabalhadoras e trabalhadores que ocupam esses postos de trabalho rotativos ou empregos temporários.

Mas não para por aí: o governo Temer e o Congresso já mostraram que farão de tudo para aprovar a reforma da previdência e a reforma trabalhista, que nos tiram ainda mais direitos. Querem, por exemplo, acabar com todas as restrições à terceirização. Os governos capitalistas e o Congresso estão a serviço de defender os interesses dos empresários que financiam suas campanhas, e querem facilitar que os patrões aumentem a exploração dos trabalhadores. Tudo para assegurar seus lucros enormes, apesar da crise econômica. Ou seja, querem fazer com que os trabalhadores paguem a conta da crise. Por isso, o maior objetivo do governo Temer é garantir a aprovação dessas medidas, que dificultam ainda mais a vida do trabalhador brasileiro.

Os mais afetados somos nós!
Sabemos quem são os mais afetados pelo desemprego, pela precarização do trabalho, e por todas essas medidas. Os postos de trabalho mais precários e rotativos são ocupados em sua maioria pelas negras e negros, por mulheres e LGBTs. Vemos isso nos serviços terceirizados de limpeza e telemarketing, por exemplo. Os piores empregos são também em grande parte ocupados por jovens: temos cada vez mais dificuldade para encontrar emprego, e quando conseguimos muitas vezes são temporários, não somos efetivados, não temos nenhuma garantia ou direito trabalhista.

É preciso que juventude e trabalhadores, inclusive aqueles de nós que hoje estão procurando emprego e que não possuem nenhuma garantia, se unam e se organizem na luta contra o desemprego e essas medidas do governo. Basta de demissões e cortes de direitos trabalhistas! Não às reformas do governo Temer! Nós não vamos pagar pela crise!