A importância estratégica do Oriente Médio para o imperialismo norte-americano está relacionada, por um lado, à necessidade de controlar as imensas reservas de petróleo da região, correspondente a mais de 60% do total mundial. Por outro, ao peso geopolítico adquirido por essa acumulação de riqueza. Daí surge a urgente necessidade, para o imperialismo, de colonizar toda a área.

Depois do fracasso da política de guerra de Bush no Afeganistão e do pântano no Iraque, vieram a vitória eleitoral de Barack Obama e uma nova estratégia dos EUA para reverter a derrota no Oriente Médio. O novo presidente privilegiou as negociações com os governos e facções da região, combinandor-as com a pressão militar.

Israel é o único ali
ado seguro e incondicional dos EUA na região. Mas, para manter seu papel de Estado policial, precisa esmagar a resistência palestina, encabeçada pelo Hamas. No entanto, suas últimas tentativas nesse sentido, tanto no Líbano quanto em Gaza, fracassaram.

O Estado de Israel foi criado pelo imperialismo, em 1948, como um enclave colonial militar, uma espécie de grande base armada contra o mundo árabe-muçulmano e suas lutas. Sua criação tomou o histórico território do povo palestino e deu origem a um Estado de ideologia e legislação racistas, similares às dos nazistas ou às do apartheid sul-africano. Israel é um aliado estratégico para o imperialismo estadunidense, algo que foi reafirmado por Obama, e sua existência sempre será defendida, até o fim, pelo imperialismo.

Obama, consciente de que não pode conseguir uma vitória militar contra a resistência palestina e dos povos árabes, e vendo o desprestígio do Estado de Israel, pressionou este governo para que não continue com sua política ofensiva e se encaminhe a criação de um Estado palestino, sob o controle de Israel, o que representaria o retorno às bases dos acordos de Oslo. Mas o governo israelense considera que a única forma de sobrevivência é destruir militarmente os povos árabes em geral e a resistência palestina em particular.

Foi assim que, no final de 2008, Israel bombardeou e invadiu militarmente a Faixa de Gaza, poucos dias antes de Obama tomar posse. Durante 22 dias, morreram 1.400 palestinos e quatro mil casas foram destruídas ou danificadas. Israel manteve o bloqueio a Gaza e contou com a colaboração do governo do Egito, país que faz fronteira a região.

Além disso, Israel tem impedido a chegada de ajuda humanitária a Gaza. Iniciativas internacionais para quebrar o bloqueio são detidas, como ocorreu com o comboio de ajuda humanitária atacado em águas internacionais por tropas de elite sionistas. Pelo menos nove ativistas morreram. Diante desta nova barbárie, grandes mobilizações aconteceram em todo o mundo, e a campanha pelo boicote a Israel deu um salto.

O Estado israelense mostrou que sua única política é a do genocídio do povo palestino. Trata-se de um Estado racista, em que os árabes são expulsos de suas terras e casas ou são cidadãos de segunda categoria. Os militares israelenses, como faziam os nazistas, castigam os familiares dos ativistas da resistência, destruindo suas casas. Tudo isso comprova que os acordos de Oslo se transformaram numa armadilha na luta do povo palestino pelo caráter de “administração colonial” que teve a Autoridade Nacional Palestina (ANP).

Não haverá nenhuma solução verdadeira sem a destruição do Estado nazista de Israel (verdadeira causa dos conflitos na região) e a construção de um Estado palestino único, laico, democrático e não-racista, onde os palestinos expulsos possam retornar às suas terras, e onde os judeus que aceitam os direitos dos palestinos possam viver em paz.

A política de Lula para o Oriente Médio
O governo Lula colabora com a política do imperialismo na região. Em março, o presidente brasileiro defendeu em Israel a proposta dos EUA de criação de dois Estados, e pediu ao primeiro-ministro israelense que detenha os novos assentamentos israelitas nos territórios da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental. Na ocasião, Lula também se reuniu com Mahmud Abbas, presidente da ANP, que governa a Cisjordânia apoiado nas forças militares israelenses.

Como se não bastasse, ele esteve acompanhado por 200 empresários brasileiros para fechar um acordo de livre comércio entre o Mercosul e Israel. Este acordo dá continuidade às excelentes relações comerciais que o Brasil já mantinha com Israel.

Em novembro do ano passado, Lula comprou 18 aviões não tripulados israelenses pelo valor de 350 milhões de dólares. Há anos, a Elbit Systems israelense é provedora da Embraer. Importantes empresas israelenses que exportam para o Brasil são a fabricante de fertilizantes Chemicals e a companhia de genéricos agroquímicos MA Industries.

Enquanto no mundo se amplia a campanha pelo boicote aos produtos e ao comércio com Israel, Lula lhe abre as portas do mercado brasileiro e do resto do Mercosul.

Uma política internacionalista
É necessária outra política internacional do Brasil em relação ao Oriente Médio. É preciso explicar a fundo qual tem sido a verdadeira atuação de Lula, não como amigo dos palestinos, mas como porta-voz do imperialismo.

Propomos, de forma imediata, a ruptura de relações diplomáticas com Israel e do acordo de livre comércio com esse país. É preciso não reconhecer Israel como Estado. Defendemos o boicote e o fim de qualquer colaboração com o Estado sionista. Dessa forma, o Brasil deveria fazer como muitos países fizeram no passado com o regime racista do apartheid na África do Sul, implementando o boicote.

O Brasil tem de apoiar o fim do Estado de Israel e ajudar a construir um Estado palestino laico, democrático e não-racista. Isso significa apoio material à resistência palestina e apoio real aos refugiados, tanto aos que se encontram no Brasil quanto aos que estão em outras partes do mundo.

Esta política é a que vamos defender nas eleições, porque a proposta de classe e socialista do PSTU se expressa por meio de uma política exterior a favor dos trabalhadores e dos povos oprimidos contra o imperialismo e suas multinacionais.

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