O Brasil é um país escravizado pelos banqueiros. Se em todo mundo o capital financeiro é o setor mais influente das classes dominantes, no Brasil isso chega a limites impressionantes, uma verdadeira farraNos últimos anos, os governos neoliberais de plantão sempre defenderam os interesses dos donos do sistema financeiro. Durante o governo do PSDB – que poderia ser chamado de Partido da Salvação dos Banqueiros – criou-se até um programa, o Proer, utilizando dinheiro público para salvar os bancos que estavam à beira da falência. Depois da posse de Lula, o país continuou um mar de rosas para os donos dos bancos. De imediato, Lula declarou que ia respeitar os compromissos com todos os agiotas internacionais, os acordos firmados com o FMI e com o pagamento da dívida. Como prova de seu esforço, nomeou um banqueiro para presidir o Banco Central (BC) e manteve as taxas de juros num patamar extorsivo para a população.

O resultado é que nos últimos 10 anos os dez maiores bancos instalados no Brasil lucraram mais de 1.000%, enquanto a inflação do período, medida pelo IGP, foi de 191%. Isso significa que o lucro dos bancos aumentou quatro vezes mais que a inflação, enquanto os trabalhadores amargaram arrocho e viram suas rendas irem para o fundo do poço.

Os lucros cresceram no governo do PT

No governo petista, os banqueiros seguiram ampliando os seus lucros. No primeiro semestre de 2004, os bancos lucraram R$ 7,6 bilhões e ainda prevêem dobrar esse número até o final do ano. E, pelo jeito, não vai ser difícil, além de cobrarem altas taxas bancárias e submeterem os bancários a um profundo arrocho salarial, os bancos que atuam no Brasil pagaram menos impostos no último período. No primeiro trimestre de 2004, gastaram R$ 1,487 bilhão com tributos, enquanto no mesmo período do ano passado, foram R$ 3,218 bilhões — uma queda de 53,8%.

Recordes vergonhosos

Pretendendo atrair mais especuladores, o governo aumentou a taxa básica de juros (Selic) para 16,25%, – supostamente para “combater” a inflação — matando no ninho o pífio crescimento da economia. No dia seguinte ao anúncio do aumento dos juros, o mercado financeiro aplaudiu a decisão: a Bolsa de Valores fechou em alta, o dólar baixou e a revista The Economist, célebre representante do capital financeiro internacional, comentou que “o BC adotou a medida correta”.

À medida do BC mantém a taxa de juro real do país como uma das maiores do mundo, alcançando 9,47%, só superada pela Turquia, que tem 13,5%. O aumento dos juros transforma o país em um cassino para a especulação financeira, enquanto penaliza a população pobre que recorre ao crédito para poder comprar.

Outro recorde vergonhoso é o fato do Brasil possuir o maior “spread” bancário do mundo (diferença entre o custo do dinheiro para instituições financeiras e o quanto elas cobram para emprestar para consumidores e empresas). A média do país, no ano passado, foi de 43,7% ao ano. Isso significa que, em 2003, os bancos brasileiros pegaram dinheiro com taxas anuais de 23,4% e emprestaram com juros de 67,1% ao ano. Uma verdadeira extorsão.
Post author Jeferson Choma, da redação
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