Como parte da política para evitar a desaceleração econômica no Brasil – crédito para o consumo interno e concessões fiscais e monetárias para as indústrias o governo Dilma tem feito enormes concessões às montadoras.

O governo tem utilizado dinheiro público, tanto do ponto de vista do crédito, quanto de isenções fiscais, para financiar o setor. Ou seja, é o dinheiro do povo brasileiro, dos trabalhadores, que ao invés de ser usado em áreas de seu interesse como a Saúde e Educação, está sendo utilizado para manter o lucro desse setor. Mas o pior é que, ainda por cima, todo o lucro obtido não fica no país, não é revertido a favor do povo, mas remetido às suas matrizes no exterior.

Em dez anos, entre 2001 e 2011, as montadoras investiram no país 19,5 bilhões de dólares. No entanto, receberam do BNDES 24,6 bilhões de dólares e remeteram para suas matrizes no exterior 25,6 bilhões. Outra cifra: apenas entre maio e dezembro de 2012, Dilma destinou, através da redução do IPI, nada menos do que R$ 4 bilhões às montadoras.
Agora, ainda que de forma regressiva, o governo manteve a redução do IPI até o meio do ano. Mas, através do programa Inovar-Auto, recentemente lançado pelo governo, a redução em 30% do IPI será mantida durante 2013, estendo-a também de forma regressiva até 2017, quando o benefício será extinto. Para gozar dele, as empresas terão que se adequar a determinados critérios do programa, tais como aderir ao PBE (Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular); aumentar o dispêndio em pesquisa, engenharia, tecnologia industrial básica e capacitação de fornecedores. E, para as empresas já instaladas no Brasil, aumentar as etapas fabris e de infra-estrutura de engenharia no Brasil. O decreto foi muito bem recebido entre as montadoras e a maioria delas já se comprometeu em fazer parte do programa.

Isso porque os ganhos das montadoras no Brasil é muito grande. A margem de lucro das montadoras no Brasil é a maior do mundo (10% sobre o valor ao consumidor, contra 5% da média mundial). Não há lugar no planeta onde se compre um carro tão caro quanto no Brasil. Aqui, alguns modelos chegam a custar o dobro do preço que custam lá fora.
Some a isso o fato de que as montadoras estão batendo recordes de vendas. O setor encerrou 2012 com um crescimento de vendas de 4,7%, quase cinco vezes maior que o crescimento do PIB nacional. Só a GM vendeu mais de 642 mil veículos, abocanhando 18,85% do quarto maior mercado de automóveis do mundo.

A produção em 2012 seguiu bastante alta (3,34 milhões de veículos), apesar de ter sofrido uma redução de 1,9% em relação a 2012, fundamentalmente devido à queda no segmento de caminhões e ônibus. Some-se a isso o fato de que, nos últimos anos, estas multinacionais têm se aproveitado dos mercados comuns (como o Mercosul) e do fim das tarifas alfandegárias para relocalizar sua produção de forma a obter ainda mais lucros. A GM, em particular, aumentou a importação de seus veículos do México e, hoje, busca transferir a produção do Classic para a Argentina para voltar a importá-los.

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