Pode-se argumentar que o Brasil não é uma republiqueta qualquer, pois o grosso de suas exportações é de produtos industrializados. Isso é verdade, porém, nos últimos 15 anos, o imperialismo impôs uma nova divisão internacional do trabalho, na qual o Brasil e outros países da América do Sul se converteram em produtores de matérias-primas e de alimentos, com alta tecnologia e sob controle dos EUA.

Na pauta de exportações do Brasil, de um total de 20 itens, 13 são primários (produção agrícola e de matérias-primas brutas ou semimanufaturadas), no valor de US$ 24 bilhões, e sete itens são manufaturados, num total de US$ 12 bilhões. Isso mostra a determinação do mercado mundial em especializar o Brasil no fornecimento de matérias-primas.

Porém, o Brasil, por seu mercado interno muito grande, pela sua localização geográfica, pelo seu parque industrial e por sua infra-estrutura, é utilizado como plataforma de exportação das transnacionais. É um sub-imperialismo em relação aos seus pares da América do Sul.

O Mercosul foi um veículo de utilização das grandes corporações transnacionais para dominar os mercados da América Latina. O governo, seguindo os ditames do FMI, transforma o Brasil em colônia dos países ricos e sub-imperialista na América do Sul.

O setor extrativista mineral é o que melhor mostra esse duplo caráter do Brasil: as vendas externas desse setor registraram o maior superávit da sua história em 2003. O grosso desses lucros é creditado na conta da ex-estatal Vale do Rio Doce. Ela é de longe a maior exportadora nacional e sozinha é responsável por 14% do superávit comercial, vai para seus cofres e não para os cofres do Brasil.

A mídia, os empresários e o governo mentem ao dizer que devemos defender a produção “brasileira” em conflitos comerciais.

Basta ver, no conflito do Brasil com a China acerca da soja, as empresas “nacionais” impedidas de exportar ao mercado chinês: Noble Grain, Cargill, ADM, Louis Dreyfus. Nenhuma é brasileira.

Outra piada de mau gosto: no que ficou conhecido como a “guerra das geladeiras” entre Brasil e Argentina, os produtos “brasileiros” são fabricados pela Eletrolux, dos EUA, e Bosch, da Alemanha.

Por seu papel sub-imperialista na América do Sul, contraditoriamente, o Brasil é o país mais avançado na subordinação colonial. Tem reservado um papel especial de “capataz” imperial na América do Sul e de “cavalo de tróia” das grandes corporações transnacionais.
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