País tem área de plantações de transgênicos equivalente a quase dez vezes a cidade de São PauloUm estudo divulgado pelo Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações Agro-Biotecnológicas (Isaaa) apontou o Brasil como o país com o maior crescimento de área de plantio de transgênicos. Segundo a ONG, o país teve “o maior crescimento absoluto em 3,5 milhões de hectares, totalizando quinze milhões de hectares de soja tolerante a herbicida e algodão biotecnológico”.

A Isaaa tem sua matriz em Manila, nas Filipinas, mas possui centros por todo o mundo. A organização desenvolve pesquisas para a produção de “plantações biotecnológicas”, ou seja, de transgênicos, e é patrocinada por grandes produtores de transgênicos, como a Syngenta Seeds, por exemplo.

A área de plantações de sementes geneticamente modificadas equivale a, aproximadamente, 9,8 vezes a cidade de São Paulo. Contudo, essa medida deve aumentar em 2008. No último dia 12 de fevereiro, foi liberada, pelo Conselho Nacional de Biossegurança, a venda do milho transgênico da Bayer e da Monsanto.

Para o futuro, as multinacionais estão de olho na cana-de-açúcar. Para a Isaaa, “o Brasil está emergindo como líder global em plantações biotecnológicas com potencial significativo de aplicação da tecnologia à cana-de-açúcar para a produção do etanol”.

Em todo o mundo, a expectativa da ONG é de que, até 2015, as áreas de plantio de sementes modificadas dobre. Atualmente, são 114 milhões de quilômetros quadrados de plantações de transgênicos em 23 países. Os alvos preferidos das multinacionais são os países mais pobres ou ditos “em desenvolvimento”, como o Brasil, a Índia e a África do Sul.

Acabar com a fome?
Inspirada na “Revolução Verde” dos anos 1970, a Isaaa se apresenta como uma organização que trabalha para “contribuir para aliviar a fome e a pobreza, compartilhando conhecimentos e aplicações de plantações biotecnológicas”. A questão da fome no mundo é utilizada como pretexto para que multinacionais lucrem muitos bilhões com a superexploração do trabalho no campo e os privilégios oferecidos pelos governos de semicolônias. É o caso de Lula no Brasil.

A Syngenta Seeds, por exemplo, maior fabricante de agroquímicos do mundo, teve um lucro de R$ 2,2 bilhões em 2007. Isso significa um aumento de 75% com relação ao período anterior. Seguranças dessa multinacional mataram, em outubro de 2007, o dirigente sem-terra Valmir Mota e deixaram mais cinco trabalhadores feridos no Paraná.

Uma pesquisa da própria Monsanto demonstrou os riscos à saúde que oferecem os transgênicos. Um relatório de mais de mil páginas apontava redução dos rins, tumor e prejuízos ao sistema imunológico de ratos.

O meio ambiente também sofre gravemente os impactos do cultivo de transgênicos. Empobrecimento das biodiversidades, desordem dos ecossistemas e aumento do uso de agrotóxicos são alguns dos danos apontados pelo Greenpeace. No Brasil, já é possível perceber o impacto das lavouras de soja transgênica na Amazônia. Com a invasão das multinacionais do agronegócio, a floresta teve áreas desmatadas para servirem ao plantio, o que pode ter sido, também, uma das causas do último surto de febre amarela no país.

Além disso, não há transparência e nem informações suficientes que demonstrem que os alimentos geneticamente modificados sejam seguros.

Brasil na mira do agronegócio internacional
Por aqui, o governo Lula tem feito de tudo para facilitar a vida das multinacionais e dos latifundiários. Para liberar a venda dos transgênicos no Brasil, em maio do ano passado, Lula reduziu o número de votos necessários para a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovar a medida. Quem se beneficia são as multinacionais, o latifúndio e a bancada ruralista do Congresso.

Em 2005, Brasil chegou ao terceiro lugar entre os países com as maiores plantações de transgênicos no mundo. Nem a ministra “ecologista” do Meio Ambiente, Marina Silva, barrou a liberação dos transgênicos. Aliás, ela nunca sequer tentou ser um obstáculo para isso. Colocada à frente da pasta para acalmar ambientalistas, Marina vai continuar permitindo medidas antiecológicas do governo Lula.

O governo, por sua vez, faz campanha pela liberação. Não é à toa e não pára no milho da Bayer e da Monsanto: é só lembrar das negociações de Lula com Bush para firmar a parceria do etanol.

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