Quem está acostumado a ver o jornalista Boris Casoy dar suas “lições de moral” na televisão se espantou com as barbaridades que ele falou no último dia 31. Depois de ver a cena de dois garis dando uma mensagem de final de ano no Jornal da Band, em que é âncora, Boris deu uma demonstração extrema de seu ódio de classe. Para quem conhece a trajetória do jornalista, o fato não impressionou.

“Que merda! Dois lixeiros desejando felicidades do alto das suas vassouras. Dois lixeiros! O mais baixo da escala do trabalho…”, disse Boris, sem saber que o microfone estava ligado. O fato escandalizou o povo brasileiro, e desmascarou um dos filhotes da ditadura mais reacionários que existe.

Boris começou a ganhar notoriedade justamente na ditadura militar, época em que a maioria dos jornalistas era perseguida pela censura.

Depois, trabalhou como assessor de imprensa de órgãos governamentais durante o governo Médici, o mais truculento dos governos da ditadura. Ele também comandou a redação da Folha de São Paulo numa época em que o jornal era completamente aliado aos militares. Para se ter uma ideia, o governo sequer precisava colocar gente da censura dentro do jornal, pois lá dentro já estava Boris Casoy.

Ele era tão reacionário que foi demitido da própria Folha de São Paulo na década de 80, pois o jornal estava perdendo leitores pelo apoio à ditadura e decidiu mudar de linha editorial. Boris era muito direitista. Continuou a carreira na TV, primeiro no SBT, depois na Record e atualmente na Bandeirantes.

Copiando o estilo de alguns âncoras norte-americanos, Boris Casoy ficou conhecido por sempre fazer pequenos comentários depois das notícias, cheios de preconceitos e lugares-comuns. As palavras vazias, que poderiam significar qualquer coisa aos ouvidos do telespectador, acabavam por chamar a atenção. O bordão “Isto é uma vergonha” se tornou sua marca registrada.

Obviamente, seus comentários sempre mostravam sua visão reacionária: um moralismo hipócrita, um completo desprezo por qualquer mobilização popular e uma defesa apaixonada do livre mercado como medida de todas as coisas. Mas seu discurso chegou a confundir muita gente. Para quem não conhecia sua história, ele até parecia ser a voz de “cidadãos indignados”, e não um cão de guarda da burguesia.

Agora o verdadeiro Boris Casoy vem à tona. Foi bom, pois todos ficam sabendo quem é essa figura que sempre odiou o povo. Mas ele não está só. Boa parte dos jornalistas da imprensa burguesa pensa exatamente como Boris Casoy e tem as mesmas ideias.

Basta lembrarmos de William Bonner, apresentador do Jornal Nacional, que já comparou o telespectador médio a Homer Simpson, o pai de família debilóide do seriado americano Os Simpsons.

Boris é a cara da mídia burguesa: Quando está on, é demagoga, quando está off, mostra quem é.