Para nós o governo Chávez pode ser comparado ao que Trotsky definiu como “bonapartismo sui generis”. Isto é, governos das burguesias de países atrasados, que buscam se apoiar no movimento de massas para tentar compensar sua debilidade frente ao imperialismo e assim poder pressioná-lo e obter uma margem um pouco maior de “independência”. Exemplos desse tipo foram o PRI mexicano, o peronismo argentino, o MNR boliviano e as correntes nacionalistas árabes, como o nasserismo.

O próprio Trotsky assinalava que, mesmo no apogeu desses governos, por seu caráter burguês, eles eram incapazes de levar uma luta antiimperialista a fundo e que cedo ou tarde terminariam capitulando. Um prognóstico que a história do século 20 confirmou plenamente.

No caso do chavismo, as condições econômicas e políticas atuais do mundo fazem com que essas limitações sejam ainda maiores, com muito menos espaço para “brincadeiras nacionalistas independentes” por parte das burguesias nacionais. Também são muito menores as margens para concessões econômicas às massas. Isso explica por que seu combate antiimperialista é muito mais retórico do que prático e por que o nível de vida dos trabalhadores e do povo não melhora.
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