Para o marxismo, avançar para o socialismo é dar dois passos históricos: socializar a economia e criar o poder para os trabalhadores. O caminho para a nova sociedade pressupõe um novo tipo de Estado, com novas instituições, como os conselhos populares. Houve um primeiro ensaio histórico desse novo Estado com a Comuna de Paris (1871) e depois nos primeiros anos da Revolução Russa, antes da burocratização stalinista.

Através desses organismos, os trabalhadores podem decidir os rumos da economia e da sociedade. Elegem seus representantes, que podem ser destituídos a qualquer momento. Para construir esse novo poder é preciso destruir o atual aparato do Estado burguês. Chávez, entretanto, nunca se propôs a destruí-lo. Suas reformas no regime serviram para que ele atacasse os partidos burgueses tradicionais, como a Ação Democrática, mas não mudaram o caráter burguês do Estado.

Chávez não só preserva a democracia burguesa, como suas reformas estão ampliando as características cada vez mais autoritárias e bonapartistas do regime. A manutenção e o fortalecimento das Forças Armadas são parte desse plano.

Mais uma vez, o chavismo repete as experiências do nacionalismo burguês na América Latina, cujos regimes eram chamados de “bonapartismo sui generis”, como os de Velasco Alvarado no Peru e Perón na Argentina. Esses regimes autoritários se diferenciavam das ditaduras militares de direita por terem choques com o imperialismo e por vezes se apoiarem no movimento de massas. Entretanto, sempre serviram aos objetivos limitados da burguesia e sempre levaram à capitulação ao imperialismo.

Post author Da redação
Publication Date