Foto: Marcos Corrêa/PR
Redação

Editorial do Opinião Socialista nº 576

Enquanto Bolsonaro fala de cocô, ele dispara a sua metralhadora de barbaridades investindo contra o meio ambiente, os indígenas, a ciência, as LGBTs, ameaçando as liberdades democráticas. Ele também elogia torturadores e a ditadura e diz que vai varrer do Brasil quem se oponha a ele. Enquanto isso, os ricos estão ficando cada dia mais ricos, e os pobres, mais pobres.

Um levantamento da Fundação Getúlio Vargas mostra que desde 2014, início da crise, a renda dos 50% mais pobres caiu 17%. Já a dos que compõem o 1% mais rico cresceu 10%. Da renda nacional, os mais pobres ficam com 14%: são 71 milhões de pessoas sobrevivendo com até R$ 1.200. Já entre os super-ricos, 1% da população, 1,4 milhão de pessoas, ganham R$ 140 mil por mês em média. É uma desigualdade indecente que só perde para o Qatar.

Nessa situação de barbárie e imensa desigualdade, quem está rindo à toa são os banqueiros e os grandes empresários, com lucros recordes. Esses não se importam com o que Bolsonaro fala, pois o deles está garantido. Enquanto fala em cocô, o presidente e sua família também aproveitam a farra dos super-ricos, assim como os milicianos aos quais são ligados, que enriquecem aterrorizando o povo pobre e contam com a proteção do Estado. Enquanto a polícia de Witzel, aliado de Bolsonaro no Rio de Janeiro, mata pobre nos morros todos os dias, as regiões dominadas pelas milícias seguem intocadas.

O Congresso Nacional é aliado de Bolsonaro na política de entrega do país aos EUA e aos especuladores estrangeiros. Embora possam ter contradições entre eles, Rodrigo Maia (DEM), o PSDB e todo o chamado “centrão” apoiam a política de arrebentar com os pobres.

Guerra social
Bolsonaro, o Congresso, os banqueiros e todos os capitalistas deflagram uma guerra social contra os trabalhadores e os mais pobres. A reforma da Previdência vai simplesmente retirar o direito à aposentadoria de milhões de trabalhadores. Quem conseguir se aposentar vai perder grande parte da sua renda. A MP da Liberdade Econômica vai tirar até o domingo de descanso. Agora querem empurrar uma reforma tributária que vai aprofundar esse sistema em que pobres e trabalhadores pagam muitos impostos, enquanto ricos têm isenção e desoneração.

Para justificar essas medidas, dizem a balela de que o Estado estaria quebrado. Na verdade, há muito dinheiro. O problema é para onde ele vai. O Estado está sendo saqueado, e os pobres estão sendo roubados pelos ricos. Bancos e empresários aumentam seu lucro com a retirada dos nossos direitos, com o desemprego e maior exploração. A falsa dívida pública desvia metade do orçamento para os bolsos dos banqueiros.

Os ricos devem pagar pela crise
É preciso derrotar o projeto de barbárie e ditadura de Bolsonaro. Derrubar a reforma da Previdência e revogar a trabalhista, defender a educação e a saúde pública. Lutar contra o desemprego, o genocídio da juventude negra e indígena e impedir a destruição do meio ambiente. O céu escuro da fuligem das queimadas que se abateu sobre São Paulo foi um prenúncio da tragédia ambiental que o capitalismo e esse governo provocam. É preciso também impedir as investidas de Bolsonaro contra as liberdades democráticas.

Para derrotar o projeto econômico de Bolsonaro, Guedes e Mourão, é preciso toda a unidade de ação possível na luta. E é preciso lutar.

A classe trabalhadora não tem nenhum compromisso com a manutenção do mandato de quatro anos de Bolsonaro e Mourão, mas também de nada adianta tirar Bolsonaro para ficar Mourão. Por isso, é preciso que a classe trabalhadora avance na construção de uma alternativa a esse governo de ultradireita.

Construir uma alternativa socialista
Se é preciso unificar na luta todos os que estejam contra esses ataques de Bolsonaro, é muito necessário afirmar uma alternativa socialista, dos trabalhadores à crise. Isso passa por rechaçar as falsas alternativas que se constroem à direita, como Doria (PSDB) e Luciano Huck, como também o velho projeto de conciliação de classes do PT. São alternativas, por um lado, neoliberal, e de outro, de “mal menor” capitalista. O PT propõe a reedição da política que nos trouxe aonde estamos.

Um projeto que pretenda tirar o Brasil da crise, acabar com a decadência do país e a destruição do meio ambiente precisa, de cara, defender a suspensão imediata do pagamento da dívida pública e fazer a sua auditoria. Algo que o PT, ou mesmo o PSOL, está longe de defender. É necessário ainda proibir as demissões, reduzir a jornada de trabalho sem reduzir os salários a fim de gerar empregos e aumentar o salário mínimo rumo ao mínimo do Dieese, hoje em R$ 4 mil. Precisamos de um plano de obras públicas que, ao mesmo tempo que gere empregos, enfrente problemas como a moradia e o saneamento. Não dá para enfrentar a crise, do ponto de vista dos trabalhadores, sem enfrentar banqueiros e grandes empresários. Enfim! O 1% de ricos que, junto com multinacionais, roubam o país, os trabalhadores e a maioria do povo.

O problema é que esse Estado serve aos ricos e a sua lógica é de aumentar os efeitos da crise contra os de baixo. Por isso, dentro do capitalismo, o que nos espera é mais miséria e exploração.

Precisamos de uma revolução socialista, que ponha abaixo esse sistema e construa na luta outro tipo de Estado, democrático de verdade, baseado em conselhos populares organizados nas fábricas, nos locais de trabalho, nas periferias, onde os trabalhadores e o povo pobre possam governar.