Recentemente, foi divulgada a taxa oficial de desmatamento. Entre agosto de 2019 e julho de 2020, 11.088 quilômetros quadrados de Floresta Amazônica foram perdidos, o equivalente a 1,58 milhão de campos de futebol. Já o Pantanal queimou como nunca antes em sua história e teve mais de 15% de sua área destruída. Os responsáveis por essa tragédia são Bolsonaro e seu ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, um criminoso que defendeu, em reunião ministerial, que era preciso “passar a boiada” na legislação ambiental e praticamente liquidou a fiscalização ambiental.

A Amazônia e o Pantanal continuam queimando porque grandes latifundiários e grileiros viram uma grande oportunidade de se apropriar de grandes porções de terras públicas que compõem a maior parte desses dois biomas. “Vamos passar a boiada”, esfregam as mãos. Porém antes vem o desmatamento e o fogo, os primeiros atos do roubo dessas terras por essa corja que tem sua própria bancada – a bancada ruralista – no Congresso Nacional.

“E se tiver algum índio ou camponês na área, a gente passa fogo neles também”, pensam. Em seguida, vem o pasto, a cerca, o boi e a espera por alguma medida que regularize a grilagem por parte do governo. Que, aliás, já se comprometeu com isso.

Uma Espanha

Dados do “Atlas Amazônia Sob Pressão”, elaborado pela Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada (Raisg) documentam o avanço das atividades extrativistas, projetos de infraestrutura e queimadas em toda a Amazônia sul-americana.

O relatório mostra que, entre 2000 e 2018, houve uma perda acumulada de 513.016 quilômetros quadrados de floresta nativa, um território equivalente à Espanha ou 8% de toda a floresta que existia em 2000. O Brasil, que tem 61,8% de todo território amazônico, responde por 82,8% do total (425.051 quilômetros quadrados), o equivalente à soma dos territórios da Alemanha e de Portugal.

Estamos próximos de um ponto em que a degradação da Amazônia poderá ser irreversível e alterar o bioma para sempre. Isso vai transformar a floresta numa savana degradada e na perda de regime de chuvas, provocando intensas secas nas regiões Sul e Sudeste. Também vai abrir novas caixas de pandora, liberar novos vírus e acelerar o aquecimento global. O capitalismo condena a humanidade à destruição. Morte ao capitalismo!

 

Em 2020, ficamos de frente para catástrofe ambiental

A atual pandemia do novo coronavírus é resultado direto da apropriação mercantil e destrutiva da natureza pelo capitalismo. Mais especificamente, pela criação de um mercado de carnes selvagens sustentado por fartos subsídios do governo capitalista chinês. O fato de ter surgido na China tem servido como munição a uma porção de lunáticos que propagam fake news, teorias da conspiração e racismo contra os chineses. Uma pandemia, porém, pode ser desencadeada em qualquer parte do mundo, inclusive no Brasil considerando a evolução das taxas de desmatamento da Amazônia, a maior floresta tropical do mundo, que abriga uma quantidade incalculável de vírus mortais.

O avanço irresponsável sobre os recursos naturais têm sido o agente das epidemias recentes que tivemos. Todas elas são zoonoses, ou seja, têm origem animal. Isso aconteceu com ebola (1969), Nipah (1999), Sars (2002), H1N1 (2009), Mers (2012) e agora a COVID-19 (2019).

O vírus é produto da natureza, tem sua história natural e obedece a processos evolutivos. A destruição dos habitats de muitas espécies de animais, no entanto, oferece uma oportunidade fantástica para que vírus antes aprisionados na vida selvagem sofram mutações e sejam transmitidos aos seres humanos.

Natureza e sociedade

A natureza e as sociedades humanas estão em relações constantes. Desde que o ser humano surgiu na face da Terra, a natureza foi modificada de forma contínua pelo trabalho humano no decurso da nossa história. Isso não significa que os seres humanos têm, em essência, uma relação destrutiva com o meio ambiente. Basta ver a relação que os povos indígenas possuem com as florestas que, em parte, devem a sua atual biodiversidade à contínua ação de transformação que essas populações realizaram há milênios.

Sua relação com a floresta não é mediada pela propriedade privada, pela mercadoria, pelo dinheiro ou pelo lucro. Por isso, as terras indígenas na Amazônia são as áreas de maior preservação, como provam imagens de satélites.

Capitalismo e meio ambiente

O capitalismo, entretanto, transformou de forma radical a relação entre sociedade e natureza. Provocou um desequilíbrio brutal que provoca pandemia, aquecimento global e eventos climáticos extremos (secas, inundações, ciclones-bomba etc.), destruição da biodiversidade, poluição das águas e do solo.

No capitalismo, o que importa é o lucro. A natureza se transforma em mercadoria, sendo exaurida numa velocidade estonteante, necessária para a reprodução do capitalismo. Uma velocidade que é muito maior do que o tempo de recomposição da própria natureza. Todo o progresso técnico da indústria se fundamenta na ideia de se apropriar mais e mais dos recursos em menos tempo e de forma mais barata, deixando para trás um rastro de destruição.

É por isso que montanhas em Minas Gerais se transformam em horrendas crateras e barragens se rompem matando trabalhadores, destruindo comunidades e rios. É por esse motivo que a Amazônia e o Pantanal queimaram em 2020 e as terras indígenas estão sendo ameaçadas por madeireiros e pela mineração. Também é por essa razão que o capitalismo queima reservas de combustíveis fósseis milenares quase de forma simultânea, em apouco mais de um século (uma fração de segundo, diante do tempo geológico), acarretando no aquecimento global.