Plano de ajuda aos bancos e novo pacote anunciado pelo secretário do Tesouro chegam a quase três trilhões de dólaresO recém-eleito governo Obama acaba de anunciar sua primeira grande medida para enfrentar a crise econômica. Sob uma forte expectativa, o senado norte-americano aprovou nesse dia 10 de fevereiro um novo plano de resgate do sistema financeiro. Desta vez foram 830 bilhões de dólares para salvar os bancos à beira da bancarrota.

Ao mesmo tempo em que o mais novo pacote era aprovado, o novo secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, anunciava um plano que pode chegar a impressionantes 2 trilhões de dólares. O novo plano conjunto do governo norte-americano continua tendo como centro o resgate dos chamados “ativos podres” do mercado, ou seja, ações com grandes chances de calote e que infestam o sistema financeiro.

Como tentativa de implementar uma contrapartida social, o secretário também anunciou, sem dar detalhes, linhas de crédito para estudantes, pessoas ou empresas endividadas. O total do valor dos planos anunciados viria de um fundo de dinheiro público e privado será liberado aos poucos, começando com 500 bilhões de dólares e podendo chegar a 1 trilhão.

Se os valores astronômicos de recursos que continuam a ser despejados no sistema financeiro norte-americano evidenciam a gravidade da crise, por um lado, por outro continuam se mostrando insuficientes para amenizá-la. No mesmo dia em que foram anunciados os pacotes, os mercados caíram, ante o ceticismo das novas medidas. O índice Dow Jones, da bolsa de Nova Iorque, despencou 4,62% nesse dia 10.

A decepção dos investidores ocorreu, pois o plano, mesmo trilionário, se mostrou insuficiente para o mercado, além de “genérico”. Para analistas, o governo norte-americano trata a crise financeira como uma crise de liquidez, como uma falta de dinheiro disponível a curto prazo para os bancos e fundos honrarem seus compromissos. O problema, porém, não seria apenas de liquidez, mas de solvência, ou seja, o mercado financeiro estaria à beira da falência.

Para o FMI, os prejuízos com os ativos podres podem chegar a 2,2 trilhões de dólares. O economista Nouriel Roubini, que previu a gravidade da crise econômica enquanto os outros analistas apostavam na tese da crise rápida e pontual, estima as perdas em 3,6 trilhões.

O plano e a reação do mercado aumentam a percepção de que a recessão em que os Estados Unidos estão afundados caminha a passos largos para uma depressão. Como exemplos estão a queda no PIB do país no último trimestre de 2008, de 3,8%, além da queda da produção industrial, que atingiu o setor de bens duráveis em nada menos que 16,2%.