O ano está terminando. É um momento em que as pessoas olham para trás, refletem sobre suas experiências, e a partir daí pensam o futuro. Esta edição do Opinião Socialista está dedicada àqueles que participam das lutas do movimento sindical, estudantil e popular. Aos ativistas que queiram participar de uma reflexão coletiva sobre os acontecimentos políticos mais importantes de 2007, e começar a esboçar os desafios de 2008.

Foi um ano que poderíamos chamar como de preparação. Um momento em que se iniciaram conflitos que vão ter desdobramentos muito maiores no futuro.
Em 2007, os primeiros tremores da crise econômica ocorreram. Mas a crise só deve ocorrer em 2008.

Foi o ano em que começou a virar o fio dos governos de frente popular e nacionalistas do continente. Esses governos burgueses, que atraem a simpatia dos ativistas, já não estão em seu auge, como em 2006. Cada um deles vive situações distintas de conflito e desgaste. A derrota eleitoral de Chávez, pela primeira vez em sua história, expressa bem essa nova situação. Evo Morales está vendo sua proposta de acordos com a oposição burguesa através da Constituinte ir ladeira abaixo. Uma polarização cada vez maior sacode o país, que pode caminhar para uma guerra civil. Nem Michelle Bacheret conseguiu preservar a estabilidade no Chile. Mas se trata de um processo que vai ter desdobramentos mais graves e sérios no próximo período.

Em 2007, Lula seguiu majoritário, mas já não desperta mais expectativas. Iniciou seu segundo mandato esboçando seus planos de reformas (trabalhista, sindical e previdenciária), mas só tentou impor a reforma universitária com o Reuni. As outras vêm sendo aplicadas parcialmente ou adiadas. Em 2008, ele se preparara para atacar com suas reformas.

Este foi um ano em que o movimento de massas deu passos importantes, como a mobilização nacional do dia 23 de maio e a passeata de 24 de outubro em Brasília, mas ainda sem enfrentamentos globais contra o governo. Pode ser que isso venha a ocorrer no próximo ano, caso o governo decida bancar as reformas. Os estudantes, com as ocupações de reitorias contra o Prouni, são expressão do que pode ser o conjunto do movimento amanhã, caso o governo decida atacar.

A história da Conlutas também é parte dessa característica de 2007. Firmou-se como a alternativa de luta contra o governo, como entidade unitária para organizar as mobilizações dos trabalhadores e movimento popular. A Conlute deu um passo à frente, com seu papel nas ocupações das reitorias das universidades. E isso foi também uma preparação para 2008, em que devem ocorrer grandes lutas contra as reformas. No ano que vem, a Conlutas realizará seu congresso, esperando reunir 6 mil delegados, o dobro do congresso de fundação.

Assim 2007 prepara 2008, e não só por uma seqüência no calendário. Estamos em um crescente que deve ter no ano que vem desdobramentos muito importantes na vida de cada um dos ativistas.

Os trabalhadores muitas vezes retiram suas forças das lembranças de todos os momentos de exploração e opressão que viveram. Momento a momento, sem esquecer nem perdoar nada. E lembram também da camaradagem de seus amigos e amigas encontrados nas greves, mobilizações de ruas, assembléias e congressos. E decidem brigar por seus sonhos. Sonhos de revolucionários.
Chega de PT, CUT e UNE! Uma nova direção para a luta está surgindo com a Conlutas e Conlute. E um novo partido, revolucionário, está se construindo com o PSTU.
Boas lutas em 2008.

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