Como parte da campanha salarial dos trabalhadores da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), na última sexta-feira, 19, às 6h, houve um bloqueio de rodovia, paralisando as minas da mineradora no Complexo Mariana. Cerca de 3.000 trabalhadores aderiram à paralisação.

Os sindicatos organizados que compõem o grupo União e Luta – Metabase dos Inconfidentes, Metabase de Itabira, Sindicato dos Ferroviários ES/MG – bloquearam por uma hora e meia a BR que liga a cidade de Mariana aos complexos mineradores da CVRD, atingindo a produção das minas: Timbopeba, Fábrica Nova, Alegria, Fazendão e Samarco. A manifestação provocou um engarrafamento de 15 quilômetros.

O reflexo desta paralisação foi o atraso da produção em até três horas. Este bloqueio, seguido de manifestação, mostrou a revolta dos trabalhadores com a contraproposta apresentada pela empresa de acabar com acordos salariais com validade de um ano, propondo dois anos, além das seguintes propostas econômicas: 12% de aumento, sendo 6% em 2007 e 6% em 2008 e um abono salarial de R$ 1.000 em 2007 e R$ 1.000 em 2008. Uma proposta que não corresponde à realidade econômica da empresa, que é a segunda maior mineradora do mundo e está batendo recordes de lucratividade e produção.

Os trabalhadores terceirizados foram solidários e participaram desta paralisação, que também contou como o apoio da Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas).

Após esta manifestação na cidade de Mariana, a CVRD, em retaliação aos sindicatos e aos movimentos sociais, distribuiu uma nota pública repudiando a atividade realizada e entrou na Justiça pedindo uma liminar, solicitando um interdito proibitório – que foi concedido – que impede o sindicato Metabase de Itabira de realizar qualquer tipo de manifestação que vise impedir a entrada dos trabalhadores e parar a produção.Caso a liminar não seja acatada, a entidade terá de pagar uma multa no valor de R$ 10.000 por dia.

Isso é um atentado à livre organização dos trabalhadores e uma afronta ao direito de greve, que garante manifestações pacíficas dos trabalhadores no intuito de reivindicar e garantir seus direitos.