A 26º edição da Bienal de São Paulo está cheia de novidades. A começar pelo acesso, que é gratuito. Tomando como tema central o conceito de arte como “território livre” não só para a criação estética mas também para a imaginação, os organizadores da mostra procuraram resgatar o papel da Bienal como espaço para a inovação.

Como parte deste esforço, a Bienal deste ano não tem o núcleo histórico que, no passado, abrigava artistas já consagrados e acabavam servindo como atrativo para o grande público. Ao invés disto, os 135 artistas que compõem a mostra são pouco conhecidos, apesar de já terem papel de destaque no mundo da arte contemporânea.

Aliás, contemporaneidade é o conceito fundamental da 260 Bienal. Localizando-se a anos-luz da arte tradicional, a maioria dos artistas explora formatos dos mais inusitados. Assim, quem visitar a mostra poderá se deparar com a instalação O Pesadelo de George V – uma réplica, em tamanho natural, de um tigre escalando um elefante e prestes a abocanhar o caçador (uma forma bastante curiosa que um artista chinês encontrou para criticar o colonialismo britânico) – ou com um fusca vermelho, vindo da Áustria, pendurado em uma estrutura metálica.

Como também, ao percorrer os três andares do prédio, o visitante poderá apreciar uma fantástica exposição de fotógrafos de oito nacionalidades africanas ou se comover com a melancólica visão do Carnaval, apresentada em uma videoinstalação de Karim Aïnouz e Marcelo Gomes (conhecidos pela direção do filme Madame Satã).

Extremamente diversificada, a Bienal, contudo, propõe-se a ter um fio condutor de importância inquestionável: criar um contraponto, na arte, à indústria cultural e tentar levar o público a uma reflexão sobre o consumismo e o pragmatismo alienante do mundo contemporâneo.

Se este objetivo é atingido, ou não, cabe a cada observador avaliar. O certo é que visitar a Bienal é programa obrigatório para quem estiver ou passar por São Paulo nos próximos meses.
Post author Wilson H. da Silva, da redação
Publication Date