A cidade onde se realiza o I Congrsso da Conlutas, Betim, já foi palco de importantes lutas sindicais no país. Confira abaixo um resumo delas.

Após a Segunda Guerra Mundial (1939-45) e a conseqüente escassez de produtos manufaturados em alguns dos principais mercados produtores da Europa levaram o governo brasileiro a elaborar uma política destinada à implantação de um parque siderúrgico nacional. Dessa forma foi criada a Cidade Industrial de Contagem, à qual Betim foi vinculada.

Até que, em 1973, a assinatura de um acordo entre o governo mineiro e a Fiat Automóveis S.A., para tornar a região no segundo maior pólo automotivo do país.

A montadora foi atraída, entre outras coisas, pela promessa do governador da época, Rondon Pacheco (1971-1975), de que “os operários mineiros são obedientes e não fazem greves”.

Com o golpe de 1964, o governo interviu nos sindicatos e cassou direitos políticos de centenas de líderes sindicais. Assim, foi abortada a primeira tentativa de organização dos metalúrgicos de Betim, que, em 1963, haviam fundado uma associação para cuidar de seus interesses.

Em 1968, a derrota das greves metalúrgicas de Osasco [SP] e Contagem (MG), causaram a paralisia do movimento operário de todo país. Dirigentes sindicais foram presos, torturados e muitos deles nunca mais foram vistos. As fábricas se tornaram verdadeiros quartéis. Esse foi o solo fértil para o renascimento do peleguismo.

É nesse contexto que, em 1976, surge o “Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Metalúrgica, Mecânica e de Material Elétrico de Betim”. A direção do sindicato é eleita com as bênçãos do então presidente da Federação dos Metalúrgicos de Minas Gerais.

Contudo, a maré começa a mudar. 1978 começou sob intensa agitação no Brasil, quando metalúrgicos deflagram uma greve na Saab-Scania, em São Bernardo do Campo [SP]. Tem início a onda de graves que varre o ABC.

As paralisações se espalharam. A ditadura tenta proibir que as entidades sindicais se articulassem. Em vão. Os novos ventos chegam a Betim. Em 1978 tem início uma poderosa greve. As garantias dada por Rondon Pacheco à Fiat Automóveis se transformam em poeira. Da pauta dos metalúrgicos de Betim constavam duas reivindicações principais: além dos 43% de reajuste determinados pelo governo, outros 20% e permissão para que fossem eleitas “comissões de fábrica” destinadas a representar os interesses dos operários junto à direção das empresas em que trabalhavam.

Aos gritos de “Pau no patrão, abaixo a exploração” a greve se espalha como um incêndio numa floresta seca. Mas atendendo a um pedido da Fiat, a polícia ocupa fábricas, prendem trabalhadores, cortam salários.

Em setembro de 1979, novamente, os operários da Fiat entram em greve. A repressão não demora. Um operário é atropelado pela polícia na Fernão Dias. A greve cresce e enfrenta patrões e o sindicato. Em 1980 o presidente da entidade é destituído. No ano seguinte são realizadas eleições livres.

A nova diretoria, ligada as pastorais e partidos de esquerda, vai enfrentar um enorme desafio em 1984. Em junho, começava a greve da Fiat. Não demorou muito para que os trabalhadores dessem início à segunda greve de ocupação na Fiat – a terceira desde que a montadora se instalara em Betim. Os operários enfrentam a Justiça e publicam um boletim cujo lema era: “Legal ou ilegal, a greve vai até o final!”. A continuidade da greve racha a diretoria do sindicato. Sem o apoio do Sindicato seria muito difícil continuar. A greve, então, acaba. Nos dias que se seguiram, 53 lideranças do movimento foram demitidas. Nos anos seguintes três chapas são criadas para disputar as eleições sindicais. Uma ligada a Articulação Sindical, outra ao PCdoB e uma terceira, formada por militantes da Convergência Socialista e CUT pela Base que acabou derrotada.

Mas história de lutas de Betim entra em refluxo nos anos 90. O processo de reestruturação produtiva, implementado na Fiat Automóveis Sociedade Anônima, repercutiu sobre a capacidade de atuação dos dirigentes do Sindicato. Se inicia então a fase do “sindicalismo de resultado” da era cutista.

Atualmente o sindicato é vinculado ao PCdoB. O sindicato perdeu sua independência ao apoiar o governo Lula.