Mancha e Zé Maria, com camisas da Conlutas, e Jorginho, da esquerda da CUT
Fotos Antonio Cruz / Ag. Brasil

O ministro Ricardo Berzoini, apresentou nesta quarta-feira, 16, na Comissão do Trabalho da Câmara, o projeto de reforma Sindical, preparado no Fórum Nacional do Trabalho e entregue ao Congresso no dia 2 de março. O ministro do Trabalho foi vaiado pelos sindicalistas presentes, em sua maioria servidores públicos que lançaram ontem a sua campanha salarial. Os trabalhadores permaneceram de costas para o ministro, vaiaram e cantaram palavras-de-ordem.

A audiência, que foi realizada em um auditório maior devido ao número de pessoas, foi interrompida pelas vaias e retomada em seguida. Os protestos reuniram miltantes da Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas) e integrantes de setores da esquerda da CUT e do PCdoB.

`RicardoO momento em que Berzoini foi mais vaiado foi quando anunciou que, com a reforma, os sindicatos terão que informar o estado de greve com 72 horas de antecedência ou 48 horas nos casos de serviços considerados essenciais. Indignados, os sindicalistas gritavam: “Berzoini, seu pelegão, essa reforma sindical é do patrão!”. Vincentinho, atual deputado federal e ex-presidente da CUT, um dos mais empenhados na aprovação da reforma, não conseguiu falar devido às vaias. Paulinho, presidente da Força Sindical, se retirou do auditório logo no começo da audiência e Luis Marinho, da CUT, nem teve coragem de ir.

Tumulto – Após forçarem a entrada na audiência, os sindicalistas chegaram a um acordo com a mesa para o prosseguimento da sessão. Foi permitido que sete lideranças sindicais fizessem uso da palavra, além dos deputados presentes. Em meio à audiência, o sindicalista Jorginho, da esquerda da CUT, acusou o deputado Luizinho (PT-SP) de ameaçá-lo. “Você está me ameaçando?”, gritou o sindicalista para o deputado que é a atual liderança da bancada do PT na Câmara. Seguranças, deputados e sindicalistas intervieram para impedir a briga.

Desmascarando a reforma
O ministro Berzoini tentou justificar a reforma afirmando que o projeto era fruto de uma discussão “democrática” com a sociedade e que não retiraria direitos dos trabalhadores. No entanto, José Maria de Almeida, da coordenação da Conlutas, desmascarou as mentiras do governo. “É vergonhoso que ex-sindicalistas que foram presos na ditadura militar junto comigo, justamente porque faziam greves, agora proponham um projeto que torna o piquete ilegal e que permite ao patrão contratar substituto de grevista”, afirmou Zé Maria.

Ele também denunciou a ingerência do estado nos sindicatos imposto pela reforma. “Lula sabe que vai haver uma rebelião de trabalhadores nesse país. Por isso é que o governo quer destruir os sindicatos, ele sabe que o sindicato de base é a forma com que os trabalhadores organizam suas lutas”, disse.

Comando – A tarde houve um ato contra a reforma no mesmo local onde aconteceu a audiência. As diversas entidades e tendências que estavam presentes para protestar contra a reforma Sindical articularam a formação de um Comando contra a Reforma, cuja primeira reunião ocorrerá na próxima terça-feira, dia 22, às 10h, na sede do Sindicato dos Metroviários.

ENTENDA A REFORMA

  • Uma reforma Sindical para quebrar direitos trabalhistas

  • Reforma Sindical do governo cria superpelegos