Os delegados dos sindicatos de servidores públicos reconheceram como uma provocação a indicação do ministro Ricardo Berzoini para representar Lula na abertura do 8º CONCUT, na noite desta terça-feira, dia 3 de junho.

A reforma será um dos principais debates e divisores de água deste congresso, aonde vai se explicitar de forma mais clara o embate entre os que querem transformar a CUT em um braço sindical do governo Lula e aqueles que defendem uma CUT de luta, classista e autônoma e independente do governo.

A direção da Articulação, ao combinar com o governo que seu representante seria Berzoini, tentou mostrar que “controla” a CUT, optando por um gesto de arrogância, provocativo e truculento contra os servidores e a esquerda, ao estilo que José Dirceu, Genoíno e outros vêm praticando no governo e dentro do próprio PT.
Tentaram demonstrar que a CUT “banca” o governo e suas “reformas” pró-FMI contra os direitos dos trabalhadores. E que suas “emendas” para “melhorar” as reformas, se inserem no lema “agora é participar”. Em outras palavras, querem discutir migalhas no varejo, apoiar no atacado e transformar a CUT e os sindicatos em participantes dos processos de privatização e do mercado de capitais, via controle de Fundos de Pensão.

Mas, se o objetivo era fazer uma demonstração de força e inaugurar o estilo camburão – tão ao gosto dos gestos de gangsterismo que vem nos últimos anos protagonizando o sindicato dos metalúrgicos do ABC, com Luís Marinho à frente, o tiro pode ter saído pela culatra.

Os servidores vaiaram o ministro sem parar e dirigiram-se em massa, com suas faixas contra a reforma, para a frente do plenário. Parte da base da Articulação reagiu com outras palavras-de-ordem. O resultado é que ninguém conseguiu ouvir nada do discurso do ministro.

Mas os seguranças investiram contra os manifestantes, agrediram uns tantos, rasgaram uma das faixas do ANDES e se instalou um tumulto.

Berzoini, com essa proposta de reforma e após essa recepção, é um forte candidato a transformar-se numa figura ao estilo de Paulo Renato Souza – ministro da educação no governo FHC -; que não podia andar pelo Brasil sem ser “recepcionado” por manifestações de servidores.