Francinildo Teixeira, operário demitido de Belo Monte, fala ao Opinião Socialista durante o CongressoOpinião – Qual a situação dos trabalhadores?
Francinildo – Lá é o sonho de muita gente, mas quando entra lá, vira um pesadelo, devido à forma de ser tratado. Os que são mais bem tratados são o pessoal do RH, que são mais ‘considerados’ do chefe. Os trabalhadores mesmo, que realizam a obra, não são bem tratados.

É revolta total pelo tratamento dado aos trabalhadores. Principalmente aos ‘pequenos’, que é o servente, o pedreiro… Esse tipo de funcionário são os que realizam a obra e não são valorizados.

E qual é o salário?
É R$ 1.020 na carteira, mas você trabalha o mês todinho. A jornada é muito alta. Era para ser de 7 horas e 20 minutos, mas se contar do momento em que se bate cartão dá 9 horas e 30. Todos os dias. E não pagam essa diferença. Não pagam hora extra.

Qual foi o estopim?
Foi um acúmulo. O que começou a acontecer esse ano? Começou a ter acidente no perímetro da cidade para a obra. Em menos de dois meses teve seis acidentes. Primeiro foi um com um caminhão em que teve duas vítimas fatais. Uma semana depois caiu outro, mas graças a Deus não morreu ninguém. Depois caiu uma carreta. Aí começamos a reclamar do transporte, que estava ruim. Mas ao invés de atender às reivindicações, o atendimento que davam era chamar para o escritório e mandar recolher as coisas que já estava mandado embora.

Fale sobre a atuação do sindicato
Do meu ponto de vista, e para 95% dos funcionários que trabalham lá, é um sindicato pelego, que não serve de nada, que já é do lado do patrão. Se não fosse o Atnágoras (Atnágoras Lopes, da CSP-Conlutas) ir lá e dar apoio, dizer aos funcionários quais eram seus direitos, não estava acontecendo essa greve. Inclusive o pessoal do sindicato está morrendo de medo da CSP-Conlutas entrar lá. Sabe o que estão dizendo? Isso eu ouvi eles dizerem: ‘eles estão querendo comer a nossa boia’. Porque é muito dinheiro que rola lá.
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