Na semana passada, manifestantes aliadas à oposição política dirigida pelo Hezbollah bloquearam ruas na capital do Líbano para reforçar uma greve antigovernamentalEles bloquearam rodovias que ligam ao aeroporto internacional de Beirute com lixo e pneus em chamas nesta terça-feira, enquanto milhares de soldados e policiais preparava suas tropas por toda a capital.

As greves foram chamadas por sindicatos que exigem reajustes salariais depois de terem rejeitado uma proposta de ultimato do governo. A ação industrial vem contra o pano de fundo de um tenso conflito entre aliados ocidentais do governo e o Hezbollah, uma organização xiita.

Crise dos alimentos
James Bays, correspondente da Aj Jazeera em Beirute, disse que ouviu relatos de que havia pessoas feridas enquanto a greve prosseguia. “Nós reconhecemos que uma bomba de efeito moral foi utilizada. O exército está nos relatando que cinco pessoas se feriram nesse incidente”.

O desencadeamento da greve surge enquanto muitos libaneses lutam para acompanhar o crescente preço dos alimentos. “O Líbano tem tido uma colheita péssima, o que significa que os preços dos alimentos estão crescendo, tornando as coisas muito difíceis para os mais pobres da sociedade”, diz Bays. “É por isso que os sindicatos chamaram este protesto que se dá hoje.”

Grupos políticos e sindicatos governistas chamaram o povo a ignorar a greve, enquanto a oposição, posteriormente, conclamou o povo a engrossar a demonstração em Beirute na terça. Sindicatos do aeroporto de Beirute estavam tomando parte na greve de um dia, anunciando uma paralisação de seis horas com início no meio da manhã.

A greve, até agora, esteve basicamente limitada às áreas muçulmanas xiitas e aos seus subúrbios ao sul, onde o Hezbollah tem apoio forte. Mas no centro de Beirute, oposicionistas queimaram pneus a apenas alguns quarteirões do escritório de Fouad Siniora, o primeiro-ministro do Líbano. Desde dezembro de 2006, eles mantinham um protesto pacífico de demonstração política no centro da cidade, logo após o Hezbollah ter retirado seus representantes do gabinete de Siniora.

Reação do governo
A ação chega um dia após o promotor-geral declarar que pretende perseguir pessoas e instituições com a rede de telecomunicações privada do Hesbollah. O governo diz que a rede está sendo usada pelo Hesbollah com fins militares, acusando de ser ilegal e ameaçar o estado de segurança. O gabinete libanês também decidiu remover o chefe de segurança do aeroporto sob alegação de ligações com o Hezbollah.

Isso surge após o bloco político que está no poder alegar que o Hezbollah instalou câmeras de vigilância perto das pistas do aeroporto. O Hezbollah e líderes políticos e religiosos xiitas têm refutado as acusações do governo. O governo libanês diz que o Hezbolla está tentando instituir um “estado-dentro-de-um-estado”, enquanto o Hezbollah diz que o bloco parlamentar majoritário é muito próximo aos EUA.

O Hesbollah, que é apoiado pela Síria e pelo Irã, é classificado como grupo terrorista pelos Estados Unidos e Israel. O Líbano está sem presidente desde novembro. A oposição boicotou 17 sessões parlamentares para escolher formalmente o novo presidente, citando problemas com a distribuição de poderes no gabinete.

*Tradução de Bernardo Rivera

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