A organização Batay Ouvriye, do Haiti, divulgou uma nota em solidariedade às mães dos três rapazes entregues por militares a traficantes no Morro da Providência, no Rio de Janeiro. Em julho, Didier Dominique, dirigente da organização, esteve no Brasil e eÀs mães e trabalhadores do Morro da Providência

Nós, do Batay Ouvriye, estamos denunciando que desde 1986 temos visto no Haiti mais de sete missões da ONU, supostamente para organizar e fazer uma estabilização para o povo. A presença de tropas militares em nosso país se dá com a justificativa de que é preciso se apreender as armas das quadrilhas nos bairros populares, para proteger os cidadãos, para realizar eleições e para fazer uma administração mais transparente. Afirmam que estão lá para por fim à impunidade e ajustar as questões judiciais. Porém a verdade é que não vemos nada disso. As armas não estão nos bairros populares. As armas se encontram nos bairros dos ricos, nas montanhas, nas mãos da ‘elite´ Haitiana e jamais vimos a Minustah naqueles bairros ricos para desarmar os grandes empresários. A Minustah têm matado crianças e jovens dos bairros populares, assim como nas comunidades no Brasil. Em nossa opinião não há como resolver os graves problemas sociais criados pela dominação imperialista e capitalista com a ocupação de tropas militares que assassinam crianças e jovens. Para nós os trabalhadores devem tomar em suas mãos a sua autodefesa, a sua auto-organização e sua autodeterminação.

Sabemos que a política do governo Lula, no Brasil, através do PAC da Segurança, já provocou a morte de centenas de jovens e crianças negras das comunidades carentes, conforme comprovam os relatórios da Anistia Internacional e da própria ONU. Sabemos que a vontade assassina das tropas e forças militares, no Rio de Janeiro, já não poupa nem os filhos da classe média, que também são vitimados pela violência policial. Vimos que há um ano, a maioria da sociedade, embalada pelo filme “Tropa de Elite”, fez vista grossa à chacina ocorrida no Complexo do Alemão, mais conhecida como “Chacina do Pan”. Cerca de 50 jovens negros foram covardemente assassinados pelas forças policiais que ocupavam aquela comunidade. Assim como pouco se fala da ocupação militar e das violações aos direitos humanos no Haiti pela Minustah. São as mesmas forças repressivas que atuam no Haiti e aqui no Brasil. Estão a serviço dos mesmos interesses das Classes dominantes.

A política de extermínio ganhou requintes de crueldade, como no episódio ocorrido no Morro da Providência, em que três jovens negros foram mortos após militares do exército os entregarem para traficantes de morro vizinho e rival. Os militares ocupavam a comunidade para as obras eleitoreiras do governo Lula. A população da comunidade se mobilizou e exigiu a retirada das tropas. Por isso estamos solidários com as mães e os trabalhadores da comunidade do Morro da Providência.

Com sua auto-organização e mobilização, conseguiram dar um basta à ocupação do exército. Assim, saudamos a sua exemplar luta. Este é o caminho que deve tomar os trabalhadores aqui e no Haiti. Sabemos que o modelo neoliberal, concentrador de renda, impõe cada vez mais a repressão e a criminalização da pobreza e dos movimentos sociais em toda a América Latina. Mas também sabemos que somente através da organização e mobilização dos trabalhadores e do povo em geral, poderemos conquistar melhores condições de vida, empregos, salários, moradia, terra e aposentadoria em todos os nossos paises.

Basta de repressão ao povo. Devemos ir às ruas para exigir o fim da violência policial e da ocupação militar das comunidades. Também devemos nas ruas, exigir a retirada das tropas brasileiras e o fim da ocupação militar promovido pela ONU no Haiti.

Para resolver o problema da criminalidade nas cidades e no campo dos paises da América Latina é preciso encarar a questão social da miséria. Esta é uma tarefa que só os trabalhadores podem cumprir. Estamos diante da necessidade de construir uma América Latina democrática e justa. Só a nossa união, solidariedade e com luta garantiremos esta vitória.

  • Todo apoio e solidariedade à luta das mães e dos trabalhadores do Morro da Providência!
  • Pelo fim da violência policial e repressão contra os trabalhadores e o povo pobre na América Latina e no mundo!
  • Retirada imediata das tropas brasileiras e o fim da ocupação militar promovido pela ONU no Haiti!