CSP Conlutas

Central Sindical e Popular

Mesmo após a decisão da maioria das centrais sindicais em desmarcar a Greve Nacional, convocada para esta terça-feira (2), sindicatos, federações e trabalhadores de diversos cantos do país não recuaram e decidiram manter greves, paralisações e mobilizações neste dia. Em bases sindicais em que as centrais optaram pelo recuo, houve a decisão dos trabalhadores em manter o dia de luta, inclusive, com críticas a postura tomada por parte dessas direções.

A CSP-Conlutas não foi consultada para tomar essa decisão e logo que soube publicou nota discordando das outras centrais. “Isto acontece exatamente no momento em que o governo Temer está com dificuldade em conseguir o número de votos necessários para a aprovação do fim da aposentadoria dos trabalhadores brasileiros. Acontece no momento em que na base aumenta a disposição em realizar a Greve Nacional e manifestações para derrotar definitivamente a Reforma da Previdência. Este recuo é um grave erro e ajuda somente ao governo Temer. Não conta com o apoio da CSP-Conlutas!”, afirmava a nota.

Servidores protestam em Brasília. Foto Agência Brasil

Não falam em nosso nome!
A Fasubra, que organiza os técnico-administrativos das universidades federais, também rechaçou a nota das centrais. “O Comando Nacional de Greve (CNG) da FASUBRA Sindical vem a público expressar a sua indignação e discordância com essa decisão. O correto é que as cúpulas das centrais revejam essa decisão e mantenham a greve nacional (…) Há muitos sindicatos e ativistas que são das bases dessas centrais e que não concordam com tal decisão; por isso nós, do Comando Nacional de Greve da Fasubra Sindical, integrado por trabalhadoras e trabalhadores de diferentes grupos políticos, somos solidários a todos que acreditam na luta e na unidade da Classe Trabalhadora e propomos manter as mobilizações e o calendário de lutas contra as reformas e o governo Temer. As cúpulas das centrais, neste momento e deliberação específica, não falam em nosso nome!”, destacou a entidade, saudando as centrais que não acataram e assinaram a nota.

A Fenametro, Federação dos Metroferroviários, também descordou da desmarcação da greve. “Nos somamos àqueles que repudiam essa decisão e propomos que os atos sejam realizados em todas as cidades no dia 5 de dezembro. E mais do que isso, consideramos fundamental a realização de uma greve nacional ainda antes da votação da reforma. Mas para isso é necessário que as Centrais e todo movimento sindical realmente se empenhem na sua preparação”, pontuou a entidade.

A CNTE, Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, que é filiada à CUT, mesmo com a orientação de desmarcação da greve por parte de sua central representativa, manteve a orientação para que suas bases realizem manifestações. “A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), representante dos/as trabalhadores/as em educação, grandes prejudicados com a proposta da reforma previdenciária, orienta suas entidades a manterem as suas mobilizações previstas no dia 5 de dezembro. Mesmo com a Nota das Centrais e CUT, vamos continuar a mobilização, e pressão sobre os parlamentares nos escritórios políticos, casas, aeroportos e nas ruas onde residem. Também que se utilize essa data para fortalecer a conscientização da população sobre os prejuízos causados pela reforma da previdência”, reforçou em nota.

O Sepe, sindicato dos professores do Rio, cuja entidade é filiada a CUT, divulgou nota em que contraria a orientação da sua direção nacional. “Trata-se de um erro histórico. Numa conjuntura que o presidente tem menos de 3% de aceitação, que o Congresso está comprovadamente envolvido em escândalos de corrupção, desmoralizados perante a população, é papel das direções impulsionar as lutas, organizar comitês de mobilização em escolas, fábricas, bairros e construir uma grande Greve Geral para derrotar Temer e seus ataques. Não temos dúvida de que todos os esforços do governo serão feitos para aprovar a Reforma da Previdência”, destacou em nota.

No Maranhão, e em outros estados, contrariando a orientação das centrais nacionais, manteve-se o ato e a orientação de Greve Nacional no estado. Em nota intitulada “não tem arrego” e assinada pelas Centrais CSP-Conlutas, CSB, CTB, CUT, Força Sindical, Nova Central Sindical, reforçaram o chamado para o dia.

CSP-Conlutas reforça chamado, nenhum passo atrás
Bases da CSP-Conlutas, como Andes-SN, Sinasefe, Sindicato Nacional dos Docentes de Universidades Federais, Aduneb, de professores da Bahia, movimento S.O.S Emprego no Rio de Janeiro seguem com orientação da central de manter a paralisação neste dia.

O Sindicato dos Metroviários do Rio Grande do Sul também filiado à CSP-Conlutas repudiou o recuo e seguiu a orientação da CSP-Conlutas. “O Sindimetrô/RS não compactua com este recuo e aponta para a necessidade de manter a mobilização, com forte pressão nos deputados federais em suas bases e no Congresso Nacional (…) Agora não é hora de recuarmos, uma vez que o recuo do governo não é definitivo. Portanto, a reforma pode ser colocada em votação ainda em dezembro”.

A FNP (Federação Nacional dos Petroleiros) repudiou a decisão. “O conjunto da classe trabalhadora já se preparava para mais um enfrentamento contra o projeto de reforma da previdência do governo Temer. Com a dificuldade do governo de angariar votos, a ida às ruas teria um efeito progressivo na luta contra as reformas do governo e na conscientização da classe trabalhadora”, apontou a entidade. A Federação reforçou ainda a orientação de manutenção deste dia de luta. “A categoria petroleira encontra-se em luta em defesa do Acordo Coletivo de Trabalho, que vem sendo atacado pela direção da Petrobras. (…) A direção da Federação Nacional dos Petroleiros indica a manutenção da data, como dia nacional de mobilizações para pressionar a Petrobrás a apresentar uma proposta de acordo que não retire direitos”.

Não é hora de recuar
O governo Temer promoveu novos jantares neste fim de semana para continuar angariando votos para a aprovação da Reforma da Previdência. Na quarta-feira se reunirá com integrantes do PSDB para tentar um acordo favorável para a aprovação de mais esse ataque. Há informações já divulgadas na grande imprensa de que se conseguir o apoio pode colocar em votação no próximo dia 13 de dezembro.

Por isso a CSP-Conlutas segue a orientação de não recuar, tampouco baixar a guarda para essa corja de corruptos que está querendo ganhar tempo e desmobilizar o povo. Neste sentido, a classe trabalhadora deve seguir em luta e não se deixar enganar com um suposto recuo do governo Temer. Mesmo sabendo que a população reprova a medida, não medirão esforços para aprová-la. Só nas ruas e fazendo greve será possível barrar essa reforma.