Na última rodada de negociação entre a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) e bancários, realizada na tarde do dia 27 de setembro, os representantes de um dos ramos mais lucrativos do país fizeram uma proposta estapafúrdia. A intransigência dos bancos vem provocando o aumento da mobilização da categoria em todo o país.

Depois de mais de 50 dias de negociação, os banqueiros ofereceram apenas 2% de reajuste, o que sequer cobre a inflação do período. A proposta também contém PLR (Participação nos Lucros e Resultados) de 80% do salário acrescido de R$ 500 nos bancos que tiverem 25% de aumento em seus lucros. Isso ocorre num ano em que os bancos estimam aumentar em 43% seus rendimentos e que a defasagem da categoria chega a 30% nas instituições privadas e supera 100% no Banco do Brasil.

Greve cresce em todo o país
A mobilização e a greve dos bancários ganham força em vários estados. No último dia 26, alguns estados realizaram paralisação de 24 horas, sendo que em algumas regiões, aprovou-se greve por tempo indeterminado. Os bancários entraram em greve no Maranhão, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Salvador e Florianópolis. A categoria no Rio de Janeiro aprovou paralisação de 24 horas no dia 26, mas a assembléia do dia 27 aprovou greve por tempo indeterminado.

Vários estados ainda realizarão assembléia para votar a adesão à greve. A mobilização que vinha se radicalizando nas últimas semanas ganhou força com a intransigência dos banqueiros, mas encontra resistência na direção do Sindicato dos Bancários de São Paulo e da CUT. Apesar de constituir o mais importante sindicato nacional da categoria, numa região que concentra boa parte dos bancários, o sindicato vem boicotando sistematicamente a paralisação.

Vergonha: São Paulo o grande ausente
A fim de impedir uma grande greve a poucos dias das eleições, que pudesse prejudicar a reeleição de Lula, a direção do sindicato impede até mesmo a realização de assembléias. Só ocorreu uma assembléia no dia 25 porque a Oposição Bancária, ligada à Conlutas, coletou mil assinaturas na base. No entanto, nela, o sindicato impediu que fosse aprovada greve por tempo indeterminado. Desta forma, enquanto em outros estados os bancários partiam pra greve, em São Paulo a categoria parava por apenas um dia.

Como se isso não bastasse, após as negociações com a Fenaban no dia 27, ao invés de convocar assembléia imediata, o sindicato chamou assembléia apenas para o dia 4 de outubro, com uma possibilidade de greve a partir do dia 5 (depois das eleições). Tal postura vergonhosa da direção do sindicato, ligada à turma de Berzoini e Gushiken, provocou indignação na categoria em todo o país. Nas assembléias do Maranhão, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Florianópolis e Bauru (interior de São Paulo), os bancários aprovaram um chamado para que São Paulo se junte à luta.

A Oposição Bancária luta agora pela imediata realização de assembléia ainda nesta semana, com assembléias específicas dos bancários do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. Até o dia 27, a oposição já havia recolhido 648 assinaturas exigindo a assembléia.

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