Bush comemora com sangue a vitória nas eleições. Milhares de marines, apoiados por tanques, caças e helicópteros, cercaram Faluja. Resultado: mais de mil mortos. A operação, chamada pelos americanos de “Fúria Fantasma”, tentou transformá-la em cidade-fantasma. Faluja fica a oeste de Badgá, a capital iraquiana, e era um centro da resistência contra as tropas invasoras.

Mas tudo indica que foi uma vitória de Pirro para os americanos. Apesar de sua incomensurável superioridade bélica, os marines toparam com um oponente de respeito. Dois helicópteros Cobra foram derrubados, vários soldados americanos morreram, e o Iraque não se dobrou, porque a insurgência ficou mais forte em outras cidades, como Mossul e Bagdá. Eles não conseguiram prender ou matar Al-Zarqawi, líder da resistência, que já havia abandonado a cidade, com grande parte dos seus combatentes. Diante de tamanho cerco, só restava aos rebeldes sair de Faluja para continuar a guerrilha em outras cidades.

Outro problema para os EUA foram as tropas iraquianas aliadas. Um jornalista americano “embutido” nas tropas relatou que vêm ocorrendo deserções entre os militares iraquianos. Segundo seu relato, publicado no jornal Folha de S.Paulo, um batalhão de 500 homens ficou reduzido a apenas 170, porque 255 abandonaram seus postos na última semana. Isso deixa a dúvida de que até que ponto os EUA vão poder continuar contando com elas daqui para a frente.

Eleição a todo custo

Tudo indica, portanto, que o cerco a Faluja pode complicar ainda mais a situação dos americanos. Eles cometeram um verdadeiro massacre contra a população civil, de casa em casa, o que pode minar de vez o plano de fazer os iraquianos aceitarem o processo eleitoral. Como disse um ex-agente de inteligência, os EUA estão preocupados com as mortes de civis porque isso poderia “jogar o resto dos iraquianos sunitas contra nós”.

Bush precisa impor a todo custo as eleições no país, em janeiro, sob pena de perder de vez o controle da situação. Mas a população iraquiana parece rejeitar esse plano. Em primeiro lugar, por serem eleições totalmente manipuladas pelos EUA. E agora, em protesto pela invasão de Faluja. A situação de Bush não está nada fácil, o que mostra que a democracia dos ricos, o sistema de governo que garante a boa vida dos multimilionários americanos, não é capaz de sustentar-se por si só. Deve ser imposta sobre o cadáver daqueles que a rejeitam.

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