Quando surgiram, os bancos tinham a função de emprestar dinheiro para quem necessitasse. Cumpriam uma função (no capitalismo) de intermediação financeira necessária para a acumulação do capital. Na época imperialista, houve uma fusão dos bancos com o setor industrial, criando o capital financeiro, dominante no mundo. Com a globalização, houve um crescimento gigantesco do setor financeiro e seu domínio sobre o conjunto das empresas e o Estado. Ampliou-se fortemente seu caráter especulativo, transformando-se em um brutal sistema parasitário, que suga uma boa parte da mais -valia de todo o sistema.

No Brasil, essa característica parasitária é ainda mais desenvolvida que na maior parte dos países imperialistas e semi-coloniais. Os bancos brasileiros têm a maior taxa de juros do mundo e uma das maiores taxas de lucros, sendo verdadeiros parasitas da economia.

O Sistema Financeiro Brasileiro é composto, hoje, por nove bancos públicos e 148 privados. Destes, 60 são estrangeiros, em um total de 157 bancos. Porém, cinco bancos (Banco do Brasil, Itaú, Bradesco, Caixa Econômica Federal e Santander) controlam o sistema financeiro nacional, no qual o setor público assume as operações menos rentáveis, porém funcionais, para a exploração conjunta da população trabalhadora do país.

Os grandes empresários saíram ganhando com a crise que atingiu o país e o mundo em 2008 e 2009, apesar de diminuírem vendas e lucros. Mas os grandes bancos brasileiros foram os verdadeiros ganhadores com a crise. Receitas e lucros não param de crescer há 16 anos.

Apresentamos um estudo sobre o Sistema Financeiro Brasileiro de 1994 a 2010, feito pelo ILAESE (Instituto Latino-Americano de Estudos Sócio-Econômicos), como contribuição para a campanha salarial dos bancários que está se desenrolando.

Grafico

Crescimento, concentração e financeirização da economia
Os lucros destes bancos cresceram 1.575% nos últimos 14 anos, uma média de 112% ao ano. A cada ano, os bancos dobram seus lucros de forma continuada há 16 anos. Durante o governo Lula, os ativos dos bancos ultrapassam o valor do PIB, ou seja, as riquezas em poder dos bancos hoje supera tudo que os brasileiros produzem em um ano.

Boa parte desta soma vem do parasitismo da dívida interna pública. Os bancos ganharam R$ 146 bilhões, em 2010, somente com agiotagem. Hoje, esta dívida é de R$ 2,5 trilhões.

Para se ter uma ideia, em 2010, os banqueiros ganharam com juros da dívida mais do que tudo que o governo Lula gastou com saúde, educação, Bolsa-Família e reforma agrária. O Estado remunera os especuladores, por meio das altas taxas de juros, e transfere parte da riqueza aos banqueiros.

Por isso, não é vantagem investir na produção de mercadorias, cujo retorno é menor e mais arriscado. Os ganhos dos bancos com a dívida já alcançaram uma cifra de R$ 1,3 trilhão em 15 anos. Neste ano os ganhos já chegam a R$ 146 bilhões, contra R$ 130 bilhões em 2010.

Nenhum governo tem coragem de enfrentar a ciranda financeira. Ao contrário, a incentiva, porque ganha com a ciranda. Na última campanha presidencial, o Bradesco “doou” R$ 18,8 milhões para a campanha da Dilma e R$ 8,2 milhões para a de Serra. O Itaú “deu” outros R$ 8 milhões, para cada um destes.

Post author Nazareno Godeiro, de São Paulo (SP)
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