Banco Central assume o controle do Banco Santos para prevenir quebradeira no sistema financeiroNo dia 12 de novembro, o Banco Central (BC), decretou intervenção no Banco Santos S.A. para investigar irregularidades na concessão de empréstimos e maquiagens nos balanços. De acordo com o BC, o patrimônio líquido do Banco é de R$ 607 milhões, insuficientes para cobrir obrigações com seus clientes e outros compromissos que necessitariam de R$ 700 milhões. Ou seja, o banco atuava com R$ 100 milhões a menos em caixa, sem condições para garantir seus compromissos financeiros.

O Banco Santos atendia poucos clientes, cerca de 700, na maioria empresas, fundos de pensão e algumas prefeituras. Em 2003, teve lucro líquido de R$ 112 milhões, alcançando a sexta posição entre os bancos privados do país.

A crise está relacionada à farra do boi da especulação. Não se sabe exatamente a quantidade de fundos administrados pelo Banco Santos, mas segundo levantamento feito por uma consultoria, o número seria de pelo menos 72 fundos, que, juntos, aplicavam R$ 2,3 bilhões no cassino do mercado financeiro. Entre eles, estavam vários fundos de pensão de funcionários das estatais, como os dos funcionários do Banco Central (Centrus, com R$ 52 milhões no banco), da Caixa Econômica Federal (Funcef) e da Itaipu (Fibra).

O banco também recebeu R$ 1,1 bilhão do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) para repassar a “empreendedores” que repassavam uma parte para um Offshore (empresas no estrangeiro que não obedecem às leis do país) do próprio banqueiro.

O Banco Santos ocupava uma importante posição na jogatina especulativa. Uma possível quebra do banco poderia desencadear uma crise generalizada no setor financeiro e foi o que fez o Banco Central tomar uma decisão preventiva, intervindo no banco.

A decisão do BC foi comemorada por um dos maiores porta-vozes dos banqueiros internacionais, o jornal britânico Financial Times, que qualificou a intervenção como um “alerta” aos 50 maiores bancos do país, que lucraram R$ 1,2 trilhão nesse ano.

Santas amizades

O Banco Santos é controlado por Edmar Cid Ferreira, amigo íntimo da poderosa família Sarney e padrinho de casamento de Roseana Sarney. Essa amizade garantiu trânsito livre aos bastidores do poder e pode explicar como um simples bancário do Banco do Brasil tornou-se um multimilionário.

Poucos dias antes da intervenção do BC, José Sarney retirou todo o dinheiro de sua conta no Banco Santos. Sarney disse que tomou a decisão em função de “rumores publicados na imprensa”. Como os rumores só foram publicados após a intervenção do BC e duas das maiores agências de avaliação de risco foram bastante generosas com a classificação do banco, fica claro que Sarney foi alertado sobre a intervenção antes dela ocorrer.

Outra história mal explicada tem a ver com uma conta que o PT possuía no Banco Santos, que recebia doações para a compra da nova sede do partido. Especula-se que o PT teria sacado grande quantidade de dinheiro dias antes da intervenção. De acordo com o presidente, José Genoino, “a conta tinha no máximo uns R$ 500 mil dos shows realizados”.

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