Demissão enfraquece luta contra a privatização do banco e ocorre a 10 dias do término da inscrição das chapas ao Sindicato dos Bancários de São Paulo. Notícia provocou revolta entre bancários e ativistas de outras categoriasUm ataque à organização sindical
Dirceu Travesso, dirigente da Conlutas e militante histórico da categoria bancária, foi demitido do Banco Nossa Caixa nesta quinta-feira, 08 de maio, sem justa causa ou justificativa. Este é, sem dúvida, um grande ataque contra a organização sindical dos trabalhadores do país, e acontece semanas após a legalização das centrais sindicais pelo Ministério do Trabalho.

Dirceu é uma liderança nacional, um dos principais dirigentes da luta dos trabalhadores do país. Foi diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, ajudou a fundar e fez parte da executiva nacional da CUT. Atualmente, é dirigente da Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas) e coordenador nacional do MNOB (Movimento Nacional de Oposição Bancária – Conlutas).

Mais do que sua trajetória sindical, Dirceu é reconhecido pela sua presença nas lutas. É raro encontrar um ativista ou militante de São Paulo que não conheça Dirceu Travesso. Que não o tenha visto discursar nos atos do 1º de Maio ou nos protestos contra a ocupação no Iraque ou da comunidade árabe. Que não tenha esbarrado com ele nos piquetes e assembléias das greves bancárias, seja a histórica, de 1985, ou a de 2004, quando uma rebelião bancária tomou conta do país. Não é preciso ser bancário. Professores, funcionários dos Correios, da Justiça, sem-tetos, estudantes e tantos outros conhecem Dirceu de suas passeatas e protestos. É essa história que agora o governo Serra e a direção do banco têm a ousadia de atacar.

Preparando a privatização
A demissão é parte do processo de privatização do banco Nossa Caixa, levado adiante por Serra e pela diretoria do banco. Neste momento a diretoria está buscando demitir os funcionários que já estão aposentados sem garantir novas contratações levando a Nossa Caixa a uma condição mais precária para atender a população do estado.

Demitir Dirceu Travesso é uma tentativa de enfraquecer qualquer tentativa de luta contra as demissões em curso e contra os planos do governo de privatizar a Nossa Caixa e todas as estatais paulistas, como a Cesp, o Metrô, a Sabesp, a CMTU, o CDHU e o IPT, entre outros. Funcionário do banco desde 1984, Dirceu tem uma longa história de luta em defesa da Nossa Caixa como banco público e em defesa dos direitos dos funcionários, seja nas greves ou quando candidatou-se para representante dos funcionários no Conselho de Administração do banco.

Ataque à oposição bancária e à Conlutas
A demissão ocorreu a apenas 10 dias do término da inscrição das chapas que disputarão as eleições do Sindicato dos Bancários de São Paulo. Na última eleição, em 2005, Dirceu foi candidato a presidente do sindicato, pela oposição bancária. A oposição irá lançar chapa novamente, que será discutida em uma convenção nesta quinta-feira, dia 15 de maio. Com a demissão, o banco tenta inviabilizar a candidatura de Dirceu, enfraquecer a resistência dos bancários, atacar a construção de uma alternativa independente e impedir o direito democrático da categoria bancária escolher livremente seus representantes.

Há algumas semanas, a Conlutas solicitou à direção do banco Nossa Caixa a liberação sindical de Dirceu Travesso, para que pudesse estar a serviço da construção desta entidade nacional dos trabalhadores, do movimento popular e da juventude. A Conlutas, que realiza seu congresso no início de julho, enviou ofícios em abril e o último no dia 06 de maio, solicitando a liberação, apoiada na legalização das centrais pelo governo. A resposta do governo Serra, dois dias depois do último ofício, veio desta forma. Em vez de respeitar o direito democrático e a organização sindical dos trabalhadores, simplesmente demitiu Dirceu Travesso.

Ataque ao PSTU
O ataque de Serra é também um ataque ao PSTU, partido do qual Dirceu é um dos fundadores e dirigente. Pelo partido, foi candidato ao governo de São Paulo em 2002, a vereador de São Paulo em 2004 e à deputado federal em 2006, sempre com críticas às gestões privatizantes das últimas diretorias do banco.

Os militantes do partido não medirão esforços contra esse ataque. O partido também faz um chamado a todas as organizações que defendem o livre direito de organização dos trabalhadores e a todos os que conhecem a trajetória de luta de Dirceu Travesso a exigir do banco Nossa Caixa e do governo Serra a sua imediata reintegração.