No sistema financeiro internacional, os bancos fazem megafusões que resultam em milhares de demissões e no aumento dos lucros. A lógica de mercado impõe uma redução ainda maior do número de bancos no sistema financeiro nacional. A concentração dos bancos cresce, e também a exploração de seus funcionários e clientes.

Os bancos que permanecem no mercado lutam de forma selvagem para aumentar os ganhos. Por um lado, isso significa focar operações que dêem lucro para o banco e expulsar os clientes que não dão o retorno desejado. Por outro, existe a necessidade permanente de reduzir custos com pessoal a qualquer preço. A receita utilizada são terceirizações fraudulentas (para gastar menos com mão-de-obra), não cumprimento do acordo de trabalho, desrespeito à jornada de seis horas, aumento do assédio moral e demissões.

O Banco no Brasil tem aplicado cada vez mais essa receita, por isso há boatos cada vez mais fortes de que a instituição vai incorporar o BESC (Banco Estadual de Santa Catarina) e a Nossa Caixa.

Golpe
O plano de reestruturação do banco, anunciado semanas atrás, aprofunda essa política. A diretoria afirma abertamente que, como os ganhos com os juros bancários estão caindo, é necessária uma reestruturação para aumentar a lucratividade. Não importa que o banco se torne a cada dia mais elitista – de acordo com o plano, quem ganha menos de R$ 2 mil deve ser atendido apenas pelo auto-atendimento ou pela central telefônica. A reestruturação centraliza processos e terceiriza de forma escandalosa várias atividades importantes do banco. A diretoria do BB deixou claro em um comunicado que pode terceirizar toda a manutenção, a telefonia, a informática e a coleta de envelopes.

O resultado do pacote do governo é a imediata redução de três mil caixas e, futuramente, de mais dois mil; a extinção de mil vagas de gerentes de conta, de oito Gerências Regionais de Logística (Gerel) e de 20 Núcleos de Apoio aos Negócios de Crédito (NUCAC), o que levará sete mil funcionários a serem transferidos ou demitidos. O plano prevê ainda aposentadorias forçadas e um PDV (Plano de Demissão Voluntária) para 12 mil pessoas.

Os ataques têm ainda outros elementos. O banco burla a jornada de seis horas dos bancários, aumentando o número de assistentes de negócios que trabalham oito horas.

O assédio moral se institucionaliza, e o assistente de negócios e o gerente que não cumprirem as metas perdem suas comissões de forma automática. O banco quer terceirizar de forma completa a coleta dos envelopes dos caixas de auto-atendimento. Por fim, caso algum funcionário substituir seu chefe, ele só ganhará o serviço e a responsabilidade dele, pois o seu salário não sofrerá nenhum aumento.

Os bancários do BB têm reagido em todo o país a essa política com assembléias, mobilizações em prédios do banco, passeatas e paralisações. No dia 23, se a direção não recuar, a categoria vai parar o Banco do Brasil nacionalmente. Nossa exigência é clara: que Lula acabe com o pacote e demita o presidente do BB, Antonio Lima Neto. Infelizmente o governo está ao lado dos banqueiros e não dos trabalhadores, mas sabemos que os bancários em luta podem impor uma derrota a ele e conseguir reverter esse pacote.

Desafio à inteligência
A Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) e as diretorias dos sindicatos de bancários, ligados à Articulação Sindical, desafiam a nossa inteligência quando separam a diretoria do BB do governo. No entanto, Lula esteve na posse de Lima Neto. Se o presidente quisesse, poderia demitir a qualquer hora toda a diretoria do banco.

A conclusão é uma só: apenas a nossa luta pode derrotar o pacote. Infelizmente a Contraf se nega a articular um calendário nacional. Os bancários devem se organizar desde já, elegendo um comando de base que dirija a greve. Não podemos esperar nada das entidades sindicais governistas.
Post author Bento José Damasceno, de São Paulo
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