Nesta quarta-feira, dia 28 de setembro, bancários de todo o país realizaram uma paralisação de 24 horas em protesto à intransigência da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), que teve a cara de pau de apresentar uma proposta de reajustar os salários em 4%. A campanha salarial dos bancários caminha para uma greve nacional por tempo indeterminado, que já possui indicativo para o dia 6 de outubro.

Segundo a CNB (Confederação Nacional dos Bancários), pelo menos 20 estados tiveram suas principais agências bancárias fechadas nesse dia 28. Em São Paulo e região, a paralisação atingiu 130 locais de trabalho, entre agências e centros administrativos. No Rio de Janeiro, que já havia parado no dia 22, a paralisação de ontem atingiu 170 agências e deve continuar no dia 29. No ABC paulista, 80% das 300 agências pararam.

Oposição exige democracia
A paralisação do dia 28 foi definida em assembléias realizadas no dia anterior, como a de São Paulo, que teve a participação de mais de 900 trabalhadores. Novas assembléias estão previstas para esta semana, entre elas, a do dia 5, que pode votar a deflagração da greve por tempo indeterminado a partir do dia 6, caso as negociações com os banqueiros não avancem. Outros fóruns da categoria também servirão para discutir os rumos da campanha salarial. No dia 1º de outubro, haverá um Encontro Nacional da categoria, em São Paulo.

Apesar da realização dessas assembléias e atividades, a forma como é conduzida a discussão pela direção do sindicato, sem uma participação efetiva da base, tem sido alvo de muitas críticas. O bancário Dirceu Travesso, do Movimento Nacional de Oposição Bancária, denunciou nas assembléias a falta de democracia: “É preciso construir um comando de luta com a base. A direção não pode ficar sozinha nas mesas de negociações. Representantes eleitos pela categoria devem participar dessas mesas”. Ele alega que a presença da base é uma necessidade, justamente pela postura traidora que o sindicato teve na greve passada, em 2004. “Temos motivos de sobra para desconfiarmos da direção”, afirmou Dirceu.

Impasse
Diante dos vertiginosos lucros dos bancos sob o governo Lula, os bancários não admitem mais desculpas de que não há condições para melhorias salariais. Eles pedem reajuste de 11,77%, maior participação nos lucros (um salário mais valor fixo de R$ 788 acrescidos de 5% do lucro líquido distribuídos de forma linear entre os funcionários), garantia de emprego e 14º salário, entre outras reivindicações. Já os bancos oferecem 4% de reajuste, abono de R$ 1.000 e participação nos lucros de 80% do salário mais R$ 733 fixos. Não há previsão de data para uma nova rodada de negociações.