Reunidos em assembléias, os bancários do Rio de Janeiro, Ceará, Maranhão, Rio Grande do Norte, Brasília e Bauru (SP) aprovaram o início da greve da categoria no dia 30 de setembro.

A data foi proposta nas assembléias pelo MNOB/Conlutas (Movimento Nacional de Oposição Bancária), contra a proposta da Contraf/CUT, que defendia apenas uma paralisação de 24 horas no dia 30.

A intenção dessas entidades era bem clara. Queriam fazer uma greve só depois das eleições de 5 de outubro. Mas isso só vai contra a vontade da categoria, que tem muita pressa em receber um aumento no salário e a PLR para se desafogar das dívidas.
“A Contraf/CUT não criou, em todo esse tempo, nenhum calendário de mobilização. Nosso indicativo forçou as outras bases a se mexer. Mas temos a clareza de que sozinhos essa greve não teria força. Por isso, nossa orientação é pela greve por tempo indeterminado a partir do dia 30”, afirmou o coordenador-geral do Sindicato dos Bancários do Rio Grande do Norte, Liceu Carvalho. A entidade realizou a assembléia da categoria no dia 25.

Proposta indecente
Os banqueiros e o governo insistem em arrochar os salários dos bancários com um acordo rebaixado. Os bancos ofereceram reajuste de 7,5%, ou seja, 0,35% acima da inflação, cujo índice medido pelo INPC de setembro de 2007 a agosto de 2008 é de 7,15%. Enquanto isso, o lucro dos bancos não pára de crescer. A Caixa Econômica Federal, por exemplo, teve uma alta de 53,49% em seu lucro no primeiro semestre deste ano em relação ao ano passado. O HSBC teve alta de 41,12%.
Por tudo isso, a proposta dos bancos gerou uma enorme indignação na categoria, que responde agora com uma greve nacional.

São Paulo
Em São Paulo a assembléia do dia 29 foi bastante dividida. A Oposição Bancária defendeu uma paralisação por tempo indeterminado no dia 30. A direção do sindicato, da Articulação Sindical, inicialmente propôs um acordo para a realização de uma greve e de uma assembléia no dia 30. Assim, a categoria poderia avaliar a evolução da greve nacionalmente e a continuidade da paralisação em São Paulo.
Mas a direção do sindicato recuou. Disse que vai paralisar os locais de trabalho por apenas 24 horas e deixou a assembléia confusa ao não reafirmar uma nova assembléia para o dia 30. A proposta do sindicato também foi defendida pelos integrantes da CTB (Central dos Trabalhadores do Brasil, ligada ao PCdoB) e da Intersindical.

“Infelizmente, mais uma vez o sindicato de São Paulo se torna um obstáculo para a luta dos bancários. Existe uma ameaça concreta de que os bancários de São Paulo não continuem na greve nacional”, avalia Dirceu Travesso, da oposição e candidato a vereador pelo PSTU.

No dia 30, o Movimento de Oposição Bancária vai convocar os bancários para se reunir em frente ao sindicato para a realização de uma nova assembléia. Dessa forma, os bancários poderão avaliar o quadro nacional de greve e decidir por uma paralisação por tempo indeterminado se assim desejarem.

‘Não vamos esperar a crise’
Os banqueiros estão falando que há dificuldade em fazer uma concessão aos trabalhadores por conta da crise financeira americana. Por outro lado, o governo Lula faz bravatas dizendo que a crise é problema do Bush e que o Brasil vai muito bem. A Contraf/CUT segue o discurso do PT e repete a ladainha de que os bancos brasileiros não têm nada a ver com a crise norte-americana.

Mas se a crise se agravar nos EUA – como tudo está indicando -, a situação vai ficar muito mais difícil para a economia brasileira. Isso tornaria mais complicado um bom acordo para a categoria. Por isso, os bancários têm muita pressa em resolver a campanha salarial.

“Não vamos esperar pela crise, vamos à luta. As greves deflagradas no Rio de Janeiro, Ceará, Maranhão, Rio Grande do Norte, Brasília e Bauru indicam que há uma grande disposição de luta entre os bancários”, avaliou Cyro Garcia, da oposição e candidato a vereador no Rio.

Post author da redação
Publication Date