Após 22 dias de uma greve forte em todo o país, bancários dos bancos privados e do Banco do Brasil voltaram ao trabalho nesse dia 22 de outubro. A proposta da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) e do governo representou um avanço conquistado pela luta da categoria, que protagonizou a maior greve desde a de 2004, apesar da truculência dos bancos.

Era possível, no entanto, ter conquistado mais. Segundo avalia Wilson Ribeiro, bancário da CEF em São Paulo e dirigente do Movimento Nacional de Oposição Bancária/Conlutas: “Era possível avançar mais, se tivéssemos feito greve já em setembro e se houvesse maior pressão diretamente sobre o governo, no entanto a política da CUT impediu isso”. Desde o início da campanha, a CUT segurou a greve, temendo que ela pudesse prejudicar o governo nas eleições municipais. Quando a greve foi deflagrada, a crise financeira já era uma realidade e as possibilidades de conquistas, menores.

A proposta aprovada garante 10% de reajuste para os salários de até R$ 2.500 e 8,15% para os vencimentos acima desse valor. Vale-alimentação, auxílio creche e demais benefícios também têm reajuste de 8,15%. Já com relação à PLR (Participação nos Lucros e Resultados), os bancários conquistaram um valor referente à 90% do salários (antes era 80%) mais R$ 966. Conquistaram também um adicional de PLR que pode variar de R$ 1320 a R$ 1980, dependendo do lucro do banco.

Greve na CEF
A greve na Caixa Econômica Federal, porém, prossegue. Apesar de dividida devido à política da Articulação (corrente petista hegemônica na CUT), que aprovou o fim da greve em bases importantes como Porto Alegre e Brasília, ela continua nos outros estados.

A assembléia dos bancários da CEF do Rio de Janeiro aprovou uma contra-proposta que estabelece 10% de reajuste linear para todos, além de isonomia e reposição das perdas. Na tarde desse dia 24 ocorre audiência de conciliação no Tribunal Superior do Trabalho. “A greve continua forte nos estados e estamos orientando que permaneça até a audiência, que pode ou não definir o desfecho da greve”, afirma Wilson.

Proer de Lula
Como alertava o Movimento Nacional de Oposição Bancária, o Brasil não está blindado da crise econômica mundial, que já tem efeitos no país. O governo Lula, por sua vez, que se recusa a atender as reivindicações dos bancários, não pensou duas vezes em divulgar um pacote aos bancos, garantindo total proteção aos banqueiros em caso de prejuízos durante o período de turbulência.

“Tanto o governo quanto o sindicato e a CUT esconderam a crise, agora o governo lança um pacote que utiliza os bancos públicos para socorrer os bancos privados em caso de quebra, criando um colchão para a crise”, afirma o dirigente do MNOB. O movimento defende um programa classista contra a crise, com, entre outras medidas, a estatização do sistema financeiro e seu controle pelos trabalhadores.