Depois de mais de 40 dias de negociação sem uma proposta por parte dos banqueiros, bancários de todo o país estão se mobilizando para deflagrarem greve a partir do dia 26 de setembro. Apesar de ter uma previsão de um aumento de 40% em seus lucros este ano, os banqueiros não propuseram um índice de reajuste aos trabalhadores. Os bancários dos bancos privados sofrem com um arrocho de 30%. Nos bancos públicos a situação é até pior, com a defasagem atingindo 89% no Banco do Brasil e 101% na Caixa Econômica Federal.

Apesar dessa situação, as direções dos sindicatos ligadas à CUT empurram a campanha salarial com a barriga, impedindo uma forte mobilização que prejudique a reeleição de Lula. Em São Paulo, por exemplo, a Oposição Bancária da Conlutas teve que recolher cerca de mil assinaturas num abaixo-assinado exigindo uma assembléia da categoria. A assembléia será realizada no próximo dia 25. A oposição também impulsionou manifestações e paralisações em Porto Alegre e Salvador, entre outras cidades.

A base dos bancários demonstrou também que não vai aceitar a política da CUT e pressiona os sindicatos para a deflagração da greve no dia 26. Bancários do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Espírito Santo, Rio Grande do Norte e Maranhão têm indicativo de greve por tempo indeterminado. No entanto, São Paulo e Rio de Janeiro, dois dos sindicatos mais importantes da categoria, marcaram apenas paralisação de 24 horas para o dia. A oposição luta agora para que essa paralisação se transforme em uma greve de fato, capaz de arrancar as reivindicações dos bancários.

Para os juízes tem dinheiro…
Ao mesmo tempo em que se recusam a apresentar uma proposta, os banqueiros pagam viagens e hotéis de luxo a juízes e desembargadores. No último feriado do dia 7 de setembro, a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) realizou um seminário sobre crédito bancário no país, no balneário de luxo de Comandatuba. Os banqueiros pagaram as despesas de 16 ministros do Superior Tribunal de Justiça e 31 desembargadores de sete estados. São as mesmas pessoas que julgam e decidem as brigas judiciais entre bancários e banqueiros…

Mais um escândalo com a turma do Marcolino
Como se não bastasse o mar de corrupção que veio à tona em 2005, com direções históricas da categoria dos bancários envolvidos no mensalão, acaba de estourar mais um escândalo e imaginem quem está à frente da maracutaia? Ninguém menos que Ricardo Berzoini (PT), ex-dirigente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, da mesma turma do Luiz Cláudio Marcolino, o atual presidente.

Berzoini teria arquitetado a compra ilegal de um dossiê com denúncias do envolvimento de Geraldo Alckmin e José Serra, candidatos, respectivamente, ao governo de São Paulo e à presidência, com os sanguessugas. A Polícia Federal prendeu um petista com 1,7 milhões em dinheiro vivo e até agora ninguém soube explicar de onde saiu todo esse dinheiro.