Após derrotar a maioria das direções sindicais nas assembléias, os bancários do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal foram à greve. Entre os dias 14 e 24 de outubro, os bancários viveram mobilizações massivas, assembléias lotadas, passeatas alegres e coloridas.

Mas, a ação das Comissões de Empresa no BB e CEF e das direções dos sindicatos, hegemonizadas pela Articulação Sindical, impôs um limite à forte mobilização: o acordo rebaixado nos bancos privados, que garantiu apenas 12,6% de reposição nos salários.

A possibilidade de construir uma greve nacional da categoria não teve a realidade como limite, mas sim o alinhamento das direções sindicais com a política econômica de arrocho salarial do governo. Mesmo com desgaste, as direções tiraram os trabalhadores dos bancos privados da greve, impediram a unificação e o avanço da luta até o questionamento global dessa política.

Assim, o setor mais beneficiado pela política econômica do governo – os banqueiros – pôde surrupiar boa parte dos salários dos bancários.

Dessa forma, o governo pôde se preparar para enfrentar a greve dos bancários no BB e na Caixa. Cedeu em parte às reivindicações, mas manteve a situação dentro do limite fixado pela área econômica e “reivindicado” pelas direções sindicais, que insistiam em pedir a extensão do acordo rebaixado dos bancos privados para os bancários federais, a despeito da greve. Lula e Zé Dirceu chegaram a declarar que precisavam evitar o efeito dominó de uma possível vitória dos bancários.
Os bancários obtiveram uma vitória parcial. As primeiras rodadas de negociação sinalizavam para um reajuste de apenas 6% nos bancos federais.

Mas, ao mesmo tempo, demonstram que, para avançar, precisam ter a noção exata do inimigo que estão enfrentando – o governo do PT e aliados – e do papel das direções sindicais ligadas ao governo, que a todo custo buscaram frear e impor um limite rebaixado à mobilização, quando foram ultrapassadas pela base da categoria.

As direções sindicais governistas saem desgastadas do processo, que agora precisa tomar uma expressão consciente: os ativistas devem organizar oposições em cada um dos sindicatos que amarelaram.
Post author Sebastião Carlos Cacau, da Executiva da Confederação dos Bancários (CUT) e militante do PSTU
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