Direções manobram, impedem a participação da base e colocam greve em perigoAssembléias de bancários em todo o país indicaram greve a partir de 6 de outubro. Uma amostra da enorme disposição de luta da categoria ocorreu no dia 28 de setembro, quando bancários de 20 estados pararam por 24 horas contra a intransigência dos banqueiros
A categoria reivindica reajuste de 11,77%, maior participação nos lucros (um salário mais valor fixo de R$ 788 acrescidos de 5% do lucro líquido distribuídos de forma linear entre os funcionários), garantia de emprego e 140 salário. A Fenaban, a despeito dos sucessivos lucros recordes do setor, oferece a proposta ridícula de 4% de reajuste, abono de R$ 1.000 e participação nos lucros de 80% do salário acrescidos de R$ 733 fixos. Os banqueiros ainda querem retirar a 130 cesta-alimentação paga ano passado.
A base deve negociar
Para que a greve seja vitoriosa, a base deve assumir a campanha salarial das mãos da CNB/CUT (Confederação Nacional dos Bancários, ligada à CUT). A greve de 2004 foi um exemplo de que os bancários não devem depositar a mínima confiança nas direções sindicais. É preciso construir um comando de luta com a base. A direção não pode ficar sozinha nas mesas de negociação, afirma Dirceu Travesso, do Movimento Nacional de Oposição Bancária e militante do PSTU. Representantes eleitos pela categoria devem participar dessas mesas, enfatiza.
As direções, depois do vergonhoso desempenho na campanha de 2004, utilizam agora uma tática mais sutil. Não afirmam ser contra a greve, mas se recusam a organizar a categoria, promovendo assembléias burocráticas e manobras de todo tipo. A categoria, porém, prova que não vai permitir mais uma traição, forçando a realização de assembléias específicas dos bancários da Caixa Econômica Federal (CEF) e do Banco do Brasil, vanguarda das mobilizações.
Superar as direções
O Encontro Nacional dos Bancários, realizado no dia 10 de outubro na capital paulista, foi uma prova do esforço das direções de não mobilizar a categoria. O Encontro, com cerca de 1.300 pessoas, foi composto majoritariamente por dirigentes sindicais. Enquanto fechávamos esta edição, terminava a assembléia da CEF em São Paulo. Mais uma vez, a direção impôs uma manobra burocrática e impediu a eleição de representantes da base para acompanhar as negociações. Apesar disso, a oposição conseguiu aprovar pontos como o índice específico dos bancários da CEF, de 106%. Temos agora que superar essa direção e lutar por um comando de base para organizar a greve, afirma Wilson Ribeiro, da Oposição Bancária e militante do PSTU.
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