No último dia 6, bancários de todo o país aprovaram em assembléia o início da greve nacional da categoria. A decisão fortalece o movimento grevista que, apesar das direções governistas, vinha se construindo desde o dia 30 de setembro. Neste dia a categoria bancária realizou uma forte paralisação em todo país, decidida em assembléias que ocorreram em todas as bases sindicais.

No entanto, as direções sindicais governistas da Contraf-CUT não queriam a greve por tempo indeterminado e realizaram todo tipo de manobra para evitá-la. O maior exemplo foi São Paulo, onde a direção do sindicato (ligado à CUT) não quis contar os votos na assembléia, dividida sobre parar 24 horas ou fazer greve.

Apesar das manobras burocráticas, a greve foi avançando nacionalmente, enfrentando banqueiros e as direções sindicais governistas que, para proteger o governo Lula, sabotam as iniciativas da categoria.

Exemplos disso foram as assembléia dos empregados da Caixa Econômica de São Paulo e a aprovação de greve em Pernambuco, Baixada Fluminense e Goiás, que fortaleceram a greve dos bancários, aumentando a pressão sob o comando de greve governista.

No dia 3 de outubro, os bancários do Pará e do Amapá votaram em assembléia a adesão ao movimento nacional. Além de Rio Grande do Norte, Brasília, Bauru (SP), Bahia, Maranhão e Rio Grande do Sul, os bancários de Pernambuco aprovaram greve por tempo indeterminado.

Os funcionários da Caixa Econômica de Goiás também aprovaram greve. Em São Paulo, os funcionários da CEF realizaram uma assembléia, chamada pelo MNOB (Movimento Nacional de Oposição Bancária), e decidiram exigir que a direção do sindicato construa a greve e acabe com as manobras e o boicote ao movimento.

Em Brasília, o movimento grevista mobilizou milhares de bancários, principalmente da Caixa Econômica Federal. As assembléias foram marcadas pela presença de 3 a 4 mil bancários. Na assembléia realizada no dia 6, os bancários realizaram uma passeata até o Ministério da Fazenda.

Este é o cenário em que se encontram os bancários de boa parte de nosso país: uma forte disposição de luta, reforçada pela compreensão de que o aprofundamento da crise econômica fará com que, mais uma vez, os banqueiros tentem debitar nas costas da categoria os prejuízos dessa crise.

Governo apóia banqueiros
Os banqueiros e o governo insistem em arrochar os salários dos bancários com um reajuste de 7,5%, ou seja, 0,35% acima da inflação. Enquanto isso, o lucro dos bancos não pára de crescer.

Como se não bastasse, o governo Lula, que ignora as reivindicações dos bancários da CEF e do Banco do Brasil, já tomou medidas para proteger os banqueiros dos efeitos da crise econômica mundial, promovendo mudanças no recolhimento compulsório, ou seja, mais dinheiro no caixa dos bancos.

O recolhimento compulsório é um dos instrumentos que o Banco Central usa para obrigar os bancos a depositar em uma conta no próprio BC parte dos recursos captados dos seus clientes nos depósitos à vista, a prazo ou poupança. Sem o recolhimento, os bancos terão mais dinheiro nas mãos.

Os bancos também contam com o apoio da Justiça. No último dia 3 em Bauru, o banco Santander conseguiu um interdito proibitório para impedir que a greve se fortalecesse.

A Justiça do Trabalho resolveu que o Santander tem direito ao interdito por conta da crise financeira mundial. Um verdadeiro absurdo que mostra que, para a Justiça, o banco não pode ter prejuízo, mas os trabalhadores podem ficar com o salário arrochado.

É muito importante a participação de toda a categoria para pressionar o governo a fechar um bom acordo com os bancos públicos federais, que possa servir de referência para os bancos privados.

Controle burocrático da CUT
Ao mesmo tempo em que a greve se fortalece, a CUT tenta aumentar seu controle burocrático sobre o movimento. Algo que ficou escancarado na assembléia de São Paulo do último dia 7, quando agrediram integrantes da oposição bancária e arrancaram cartazes e faixas.

“Este é o sindicalismo da CUT, que continua atropelando a base, agredindo ativistas da oposição e impondo a mais completa falta de democracia nas assembléias”, denunciou Wilson Ribeiro, dirigente do MNOB.

Nessa campanha salarial, é preciso mostrar aos banqueiros, aos governos e às direções governistas e traidoras que os bancários estão dispostos a levar adiante suas mobilizações. Para isso terão que enfrentar o autoritarismo da CUT e exigir a mais ampla democracia nas assembléias. Esse será o caminho que levará a categoria à vitória.

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