No dia 16 de julho, ocorreu a primeira assembléia com a presença de todos os petroleiros grevistas da Bacia de Campos. Durante a manhã e até o meio da tarde, vôos vinham de alto mar trazendo os últimos grevistas, alguns deles que haviam solicitado o desembarque já na segunda-feira.

No final da tarde, na sede do Sindipetro-NF, em Macaé, todos se reuniram para compartilhar as experiências vividas com a truculência da Petrobras e de seus Geplat (Gerentes de Plataforma). Nos corredores laterais do auditório do Sindipetro-NF, relatavam-se várias brigas de equipes inteiras contra seus chefes, que não queriam permitir o desembarque dos grevistas. Pelos cantos, vários petroleiros antigos comentavam que era tudo muito parecido com os tempos de Collor, Itamar e FHC: nada mudou!

A truculência fascista da Petrobras aumentou no dia de ontem e voltou-se, inclusive, contra os dirigentes sindicais defensores do governo Lula. Vários crachás, que permitem a entrada de funcionários nas várias instalações de terra (escritórios, oficinas, almoxarifados, terminais de cargas, píer, centros de treinamento, apoios operacionais etc.) da Petrobras em Macaé, foram arbitrariamente bloqueados.

Assim, ativistas de base da greve e até mesmo a diretoria do Sindipetro-NF estão impedidos de adentrarem as instalações da empresa. Um ativista de base foi expulso por seguranças armados de dentro do prédio de Imbetiba. Quando chegou ao portão de saída, escoltado pelos guardas armados que o expulsavam, não pode sair, pois seu crachá havia sido bloqueado a menos de um minuto.

Na assembléia, discutiu-se sobre as diferenças entre FUP (Federação Única dos Petroleiros, ligada a CUT e com sindicatos ligados a CTB) e FNP (composta por sindicatos ligados à Conlutas, Intersindical e independentes), mas sem nenhum encaminhamento para a questão. Foi um debate produtivo para esclarecer as diferenças e apontar possíveis caminhos para uma mesa nacional de unificada de negociação com a Petrobras, uma bandeira da FNP.

Enquanto ocorria a assembléia dos grevistas da Bacia de Campos, uma parte da direção do Sindipetro-NF estava reunida com o RH da empresa, tratando do dia do desembarque. Foram tomadas decisões de encaminhar a mobilização para os trabalhadores de terra da Petrobras e da Transpetro.

À meia-noite de 17 de julho, no portão do Terminal de Cabiúnas (TECAB, da Transpetro), que recebe todo o gás das plataformas da Bacia de Campos, foi realizada uma assembléia dos operadores do turno. Estiveram presentes na assembléia a direção do sindicato e ativistas da oposição sindical ligados a FNP, todos defendendo o indicativo de que os trabalhadores não adentrassem o Tecab, não fazendo a troca de turma. Assim, os operadores que estavam operando o terminal (e que já haviam aprovado o mesmo indicativo em uma assembléia na sua entrada de turno), iriam dobrar o turno e entregar a planta às 8h do dia 17.

Por unanimidade, sem abstenções, a assembléia votou o indicativo, não substituindo os operadores do Tecab. No dia 17 de julho pela manhã, uma “equipe de contingência” da Transpetro assumiu as operações, e na assembléia dos trabalhadores administrativos do Tecab também foi aprovada a paralisação dos trabalhos, em solidariedade aos trabalhadores da Bacia e pela PLR. Portanto, a greve se estendeu para as áreas operacionais e administrativas da Transpetro em Macaé. No dia 18, foi a vez das bases de terra da Petrobras.

O RH não apresentou nenhuma proposta que atenda a reivindicação do dia do desembarque. A proposta feita na reunião do final da tarde é basicamente a mesma já rejeitada em assembléias anteriores, e a direção sindical convoca assembléia para as 17h de sexta-feira, com o indicativo de rejeitar a nova (velha) proposta.

Quanto às negociações da PLR, a categoria está na expectativa das mobilizações das bases da FUP e da FNP.