Os processos revolucionários dos últimos anos na Bolívia desenvolveram uma consciência majoritariamente antiimperialista, com disposição para defender seus recursos naturais como o gás.

É necessário avançar para a expropriação sem indenização e sob controle dos trabalhadores de todas as empresas estrangeiras de hidrocarbonetos, estabelecer o monopólio da compra, venda e transporte de petróleo e do gás no país. Com isso, é possível desenvolver a industrialização, mudando a matriz energética para o gás natural, utilizando-o de forma massiva e barata para a produção.

Os novos contratos das estrangeiras, que Evo está apresentando como uma vitória, são na verdade uma traição. Isso começa a ser percebido na vanguarda dos principais setores, como a juventude e as operárias de El Alto; os mineiros assalariados de Huanuni; os petroleiros de Tarija, entre outros. Como disse uma dirigente camponesa, os povos originários estão “levantando o olhar”. Ou seja, estão observando Evo e vendo o que ele vai fazer.

A Petrobras na bolívia
A Petrobras, que hoje negocia suas ações na Bolsa de Valores de Nova York e tem 40% de suas ações em mãos de investidores internacionais, é dona de dois gigantescos campos de gás natural operados em San Antonio e San Alberto, em Tarija; explora poços de petróleo e de gás em seis departamentos bolivianos; refinarias de Gualberto Villaroel, em Cochabamba, e Guillermo Elder Bell, em Santa Cruz.

O segundo governo Hugo Banzer vendeu para a Petrobrás por US$ 100 milhões. Foram entregues refinarias e postos de gasolina da YPFB (antiga estatal dos hidrocarbonetos), 165 milhões de barris de petróleo e 6 trilhões de pés cúbicos de gás, como “ativos”. Entregou de graça também as empresas Chaco e Andina.
A Petrobras é a maior empresa atuando no país e representa quase 20% do Produto Interno Bruto. Responde por 22% da arrecadação do país, possuindo cerca de 40% das reservas de gás, tem uma participação de 98% do mercado de refino boliviano, 25% do mercado de combustíveis e 63% do mercado de lubrificantes. Cerca de 60% do superávit da balança comercial boliviana é obtido com as exportações para o Brasil, que compra 32% das exportações.

A presença da Petrobras também se reflete no âmbito político, com a nomeação de autoridades estreitamente vinculadas com a empresa, e vinculação com grupos de interesses regionais, como os autonomistas de Santa Cruz e Tajira, região onde está desenvolvendo associada com grupos empresariais bolivianos empresas no Pólo de Desenvolvimento do Sudeste de Bolívia, além de negócios na fronteira Puerto Suarez-Corumbá.

Com isso, a empresa vem tendo lucros extraordinários, que vão para os bolsos de seus acionistas majoritários e para aumentar o superávit primário do governo Lula. Não são os interesses dos trabalhadores brasileiros que estão sendo defendidos na Bolívia, mas os interesses dessa empresa e de seus grandes acionistas. Os trabalhadores brasileiros têm interesses em lutar junto com seus irmãos de classe bolivianos contra o domínio imperialista na América Latina.

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