Sindicatos, movimentos populares e estudantis já se colocam em movimento; campanhas salariais devem potencializar jornada de luta e marcha a Brasília
Começa a ganhar corpo a preparação da jornada nacional que a CSP-Conlutas e outras entidades estão organizando para agosto. A iniciativa, assumida também pela CNESF, COBAP, ANEL, Condsef, MTL, MTST, MST, UST, Intersindical e diversas outras entidades busca mobilizar os trabalhadores de todo o país em torno a uma plataforma ampla de reivindicações. A jornada deve se apoiar nas campanhas salariais em curso.
Os trabalhadores em educação do Rio de Janeiro devem jogar peso num ato público, no dia 30 de julho, quando ocorrerá sorteio dos grupos das eliminatórias da Copa do Mundo. Seguem também em greve os educadores de Minas Gerais.

Entre os servidores públicos federais estão programadas paralisações de setores importantes. Nesse momento, estão em greve os trabalhadores das universidades federais, organizados na FASUBRA. Apesar do indicativo do Comando Nacional (dominado por setores governistas) de recuo na greve, a direção da Federação foi atropelada pelas bases, que decidiram manter a paralisação, na medida em que o governo não avança na negociação.

Os trabalhadores da base do Sinasefe (instituições federais de ensino superior, antigos CEFETs) e os trabalhadores do IBGE têm indicativo de greve para o início de agosto.

Os professores universitários, por meio do ANDES-SN, também investem na organização da greve da categoria. A categoria vai promover assembleias até o dia 5 de agosto e discutir o indicativo de greve, para os dias 23 e 24.

Grandes categorias começam a se mobilizar
Os petroleiros estão em campanha, negociando a PLR (Participação nos Lucros e Resultados) com a Petrobras. A tendência é que a proposta da empresa seja rejeitada pelos petroleiros. Em seguida à negociação da PLR, começa a campanha salarial da categoria. No dia 24 de agosto, em Brasília, acontece uma plenária nacional contra os leilões das bacias de petróleo. A FNP (Federação Nacional dos Petroleiros) realiza congresso em agosto.

Os trabalhadores dos correios realizaram um Conselho Nacional de Representantes da Federação da categoria, elegeram um comando nacional de negociação e discutiram a resistência à privatização da empresa. Indicaram um calendário que aponta a greve a partir do dia 14. A intervenção dos sindicatos e oposições sindicais ligadas à Frente Nacional dos Trabalhadores dos Correios (FNTC) foi decisiva para a adoção desse calendário.

Metalúrgicos se mobilizam em Minas e São Paulo
A Federação Sindical e Democrática dos Metalúrgicos de Minas definiu uma pauta e campanha conjunta nos seus sindicatos filiados, pleiteando a correção salarial e aumento real de 10%, além do direito à eleição dos delegados sindicais. No dia 18, será lançada a campanha salarial, num ato conjunto com outros setores em Belo Horizonte.

Em São Paulo, os sindicatos dos metalúrgicos de São José dos Campos, Santos, Limeira e Campinas definirão um índice comum de reivindicação, em seminário conjunto. Na composição do índice, além da inflação, será considerada a produtividade medida no período. No dia 19, será realizado um dia estadual de luta dos metalúrgicos, com manifestações.

Os trabalhadores da mineradora Vale também reivindicam a reposição da inflação e 10% de aumento real. No próximo dia 18, participam do lançamento da campanha “O minério tem que ser nosso!” (ver página 5).

Os bancários devem definir suas reivindicações em assembléias, no início de agosto. Até lá, ocorrem os encontros organizados pela ContrafCUT e Contec, as confederações da categoria. Os bancários organizados no Movimento Nacional de Oposição Bancária (MNOB) realizaram um importante encontro nacional, no Rio de Janeiro, com a presença de representantes de várias regiões.

Campanhas importantes, de categorias com peso em seus estados, também estão em curso. É o caso dos rodoviários de Fortaleza e trabalhadores da construção civil de Belém, dirigidos pela CSP-Conlutas. Aí também pode ter greve.

Movimentos populares e estudantis se somam à jornada
O Congresso da Assembleia Nacional de Estudantes – Livre definiu a participação do movimento estudantil combativo na jornada. A ANEL deverá realizar sua 5° Assembleia Nacional logo após a Marcha, no dia 25 de agosto, em Brasília.

Os estudantes também vão jogar peso na plenária nacional da campanha por 10% do PIB para a Educação, que acontece no dia 24 de agosto, em Brasília.

Os movimentos populares também se organizam. O MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) planeja levar 20 ônibus a Brasília, com representantes de ocupações urbanas, principalmente de São Paulo e Minas.

O MUST (Movimento Urbano dos Sem Teto) já cadastrou 250 moradores do Pinheirinho, em São José dos Campos, mas tem potencial para levar outras centenas de trabalhadores.
O MTL (Movimento Terra, Trabalho e Liberdade) organiza uma caravana do noroeste de Minas Gerais, com representantes de assentamentos e ocupações do campo.
Também no dia 24, em Brasília, ocorrerá uma reunião nacional dos movimentos pela demarcação das terras quilombolas.

Como podemos ver, a semana de mobilização proposta e o dia 24 de agosto, em particular, estão sendo tomados como referência pelas categorias e movimentos de trabalhadores em luta.

Garantir uma forte jornada
A reunião da Coordenação Nacional da CSP-Conlutas, que acontece de 5 a 7 de agosto, em Belo Horizonte, organizará a intervenção da Central na jornada e na grande manifestação de Brasília, no dia 24.

Junto com a organização das campanhas salariais, a preparação da jornada é a grande tarefa dos sindicatos nesse próximo período.

Post author Sebastião Carlos “Cacau” Pereira Filho, de São Paulo
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