A Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), junto com o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), o prefeito João Paulo (PT) e os demais prefeitos da região de Recife, aumentaram as passagens em 10%. A menor tarifa no anel A, usada pela maioria da população da capital, pulou de R$ 1,50 para R$ 1,65. A passagem no anel C custará R$ 2,50. Além disso, várias frotas foram reduzidas. O aumento provocou dezenas de mobilizações espontâneas de caráter juvenil e popular.

No dia 17 de novembro, cerca de mil estudantes bloquearam a principal avenida do Centro do Recife, a Conde da Boa Vista. Vários bloqueios ocorreram em outros pontos da cidade e cerca de 20 pessoas foram detidas. No dia 18, os protestos começaram pela manhã e duraram cerca de 12 horas. Ao todo 50 ônibus foram destruídos e 30 manifestantes foram presos. Alguns ônibus foram pichados com a frase “redução é pouco, passe-livre já”.

No dia 21, além de uma marcha no centro, houve protestos nos bairros, com queima de pneus e quebra de ônibus. No centro, cerca de 300 policiais militares cercaram a passeata. Equipes com cães, motocicletas e até de operações táticas da PM foram acionadas para reprimir os ativistas. A população, por sua vez, aplaudiu e jogou papel picado das janelas, apoiando o movimento e mostrando também sua indignação com o aumento.

Com a radicalização e generalização dos protestos por vários bairros, teve início uma brutal repressão. O Ministério Público de Pernambuco decidiu que todo manifestante que for detido nos protestos será preso e não será liberado em seguida. O comando da Polícia Militar informou que irá dispersar e deter qualquer grupo suspeito de estar organizando uma manifestação nos próximos dias. A polícia também está confiscando equipamentos de foto e vídeo dos que não tiverem identificação de imprensa. As balas de borracha, cassetetes, cavalaria e bombas de gás tiveram presença cada vez mais forte na repressão dos atos.

Os primeiros atos foram iniciativa da UJS/PCdoB, que tentou conduzi-los para a Assembléia Legislativa para acalmar os estudantes e dar visibilidade aos parlamentares da frente popular. Logo, as manifestações fugiram do controle e uma nova coordenação foi formada, com estudantes da Conlute, a Conlutas, associações populares, grêmios independentes, militantes do PSTU e anarquistas, entre outros.
A comissão apresentou a pauta de reivindicações ao representante da EMTU: redução do preço de todas as passagens do Recife e Região Metropolitana; meia-passagem para todos aos domingos e feriados, passe-livre para estudantes e desempregados, retirada do controle da cidade e estatização dos transportes coletivos. Depois de intensa pressão, foi marcada uma audiência pública para o dia 23. Até lá, a luta continua.
Post author Joaquim Magalhães, do Recife (PE)
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