O número de acidentes de trabalho tem crescido nos últimos anos. Segundo o Ministério da Previdência Social (MPS), em 2007 foram registrados 653 mil acidentes de trabalho, 27,5% a mais do que em 2006. Os números continuaram a crescer em 2008, quando explode a crise econômica, atingindo mais de 747 mil casos – um novo aumento de 13,4%. Ainda não foram divulgados os dados do ano passado. Mas certamente não há nada para se comemorar. Ocorre que no período de crise e, depois, na “recuperação” econômica, os índices de acidente de trabalho podem se elevar muito.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) reconhece que em períodos de crise os gastos dos governos com programas de prevenção e inspeção de trabalhos degradantes caem, assim as condições de trabalho precárias aumentam e com isso os riscos de acidentes e doenças do trabalho.

No período de crise as empresas economizam na prevenção da segurança, demitem trabalhadores, oferecem PDV’s (Planos de demissão Voluntária), flexibilizam direitos. Já os trabalhadores, apreensivos com incertezas e a possibilidade real de demissões, são super explorados e obrigados a trabalhar por aqueles que perderam seus empregos. Já durante a recuperação econômica, os patões aumentam a produção, muito mais rápido e com menos trabalhadores.

Na base metalúrgica de São José dos Campos (SP) é possível constatar um aumento brutal de doenças do trabalho, como LER/Dort e também dos acidentes típicos. Alguns dos acidentes que já haviam declinado nos últimos anos voltaram a crescer.
O ritmo acelerado de trabalho, aliado à pressão da chefia com as ameaças de demissão e planos de flexibilização mirabolantes, acabam adoecendo os trabalhadores física e psicologicamente.

Por outro lado, as empresas escondem os acidentes típicos, pois se negam a emitir a CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) para que o índice de acidentes permaneça estável ou caía. Dessa forma, além de não terem o aumento da alíquota do FAP (Fator Acidentário Previdenciário), terão ainda a redução do imposto, pois este tem sido o efeito da aplicação do chamado Nexo Técnico Epidemiológico criado pelo governo Federal. Neste período fica mais evidente que o projeto do governo para supostamente reduzir os acidentes de trabalho não vingou. Pelo contrário, fez com empresas omitam cada vez mais informações e deixem os trabalhadores reféns dos patrões.

Post author Maria Elvira, de São José dos Campos (SP)
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