Representantes de várias entidades se reuniram hoje para discutir a Auditoria Cidadã da Dívida Externa. Prevista na Constituição brasileira de 1988, a auditoria da dívida ainda hoje não foi realizada. Com o intuito de mudar essa realidade, os participantes do encontro apresentaram dados que denunciam a relação credor/devedor instaurada pelos países desenvolvidos.

Responsável por deter o avanço da economia de diversos países, a dívida externa tem assumido, nos últimos anos, o cunho de ilegítima. De acordo com a coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida, Maria Lucia Fattorelli, a origem da dívida atual está na década de 1970, quando governos autoritários assinaram contratos que permitiam a cobrança de juros flutuantes pelos credores. O resultado foi um aumento das taxas de juros: de 5% ao ano para mais de 20% ao ano. A coordenadora ressalta ainda que, de 1979 a 2003, o Brasil enviou ao exterior US$ 170 bilhões a mais do que recebeu de empréstimos. Mesmo assim, a dívida se multiplicou por quase cinco. Caso as taxas de juros não tivessem sido abusivamente aumentadas pelos credores, a quantia enviada não somente seria suficiente para o pagamento da dívida, como a situação se inverteria: nós seríamos credores, com um saldo restante de US$ 100 bilhões.

O FMI foi fortemente criticado pela sua política de ajustes fiscais. As metas de superávit exigidas pelo órgão impedem a realização dos compromissos sociais dos países ‘devedores’. ‘O Programa Fome Zero é exatamente a denúncia desse modelo’, enfatiza Maria Lucia. ‘Somos um dos maiores exportadores de alimentos do mundo e temos que ter um Programa Fome Zero no País’.

No site www.divida-auditoriacidada.org.br você pode acompanhar os trabalhos realizados pela auditoria da dívida.