As quatro questões definidas ainda durante a preparação do plebiscito foram elaboradas através de um intenso debate entre os setores que organizavam a campanha, como a Assembléia Popular, Conlutas, Intersindical, MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), integrando um amplo conjunto de entidades e movimentos.

No entanto, já definidas as questões, na fase final de preparação, a CUT anunciou que não participaria de um plebiscito com tais perguntas. Recorrendo ao argumento de “unidade”, ao mesmo tempo em que mantinha uma postura autoritária, a CUT praticamente rompeu com o plebiscito para organizar sua própria votação. A fim de poupar o governo, a central decidiu realizar o plebiscito apenas com a pergunta sobre a Vale do Rio Doce e foi seguida nessa decisão pela UNE.

Boicote
Porém a CUT e a UNE não colocaram o menor peso nem mesmo nessa versão limitada de plebiscito. O número de votos coletados com a cédula da CUT foi irrisório. A atuação medíocre da central comprova que sua única intenção era impor uma única pergunta ao conjunto do movimento e, não conseguindo, boicotar a votação.

Por outro lado, a baixa votação da CUT reflete também, em alguns setores, o repúdio da vanguarda à manobra da central. É comum o relato de ativistas envolvidos na organização do plebiscito sobre o questionamento das pessoas ao verem uma única pergunta na cédula cutista.

Contudo, a votação expressiva nas quatro perguntas do plebiscito, levadas a cabo pela grande maioria das entidades e movimentos sociais, mostra a derrota dessa política da CUT e da UNE. Além de não conseguirem impedir a votação e o questionamento da política do governo Lula, essas entidades ampliam seu desgaste junto à vanguarda e aos trabalhadores em geral.
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