Nos países que fazem parte da coalizão liderada por Bush, os atos contra a guerra dos dias 19 e 20 de março tiveram como principal exigência o retorno dos soldados para as suas casas. Muitas famílias de soldados estiveram à frente da organização dos atos. Nos EUA, principalmente em Nova York, a reivindicação mais ouvida foi “Troops Out Now” (Retirem as tropas agora). A concentração dos atos deu-se em regiões e cidades das quais muitos jovens foram enviados para a guerra, como a zona leste do Harlem, em Nova York, e a cidade de Fayetteville, na Carolina do Norte.

Os manifestantes também se mostraram contra o recrutamento de jovens afro-americanos e de outros grupos étnicos em centros escolares e cívicos. Também estiveram presentes e fizeram uso da palavra representantes de organizações árabes nos EUA.

Berlusconi na parede
Na Itália, milhares de pessoas tomaram as ruas de Roma para protestar contra a invasão no Iraque e exigir a retirada das tropas italianas. Houve conflitos entre a polícia e os manifestantes, pois as forças de segurança impediram a passeata de se aproximar da sede do governo Berlusconi. Pressionado pela grande revolta popular provocada pela tentativa de assassinato da jornalista Giuliana Sgrena por soldados dos EUA, Berlusconi chegou a anunciar a retirada das tropas, entretanto, recuou e disse que vai mantê-las: “Eu disse ao presidente americano: George, nada mudou”.

No Japão, mais de cinco mil foram às ruas de Tóquio para protestar contra a ocupação no Iraque, o envio de tropas japonesas e a visita da secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, ao país.

“George Bush, Tio Sam, O Iraque será o teu Vietnã”
Em Londres, 100 mil pessoas marcharam contra a invasão, reivindicando do primeiro-ministro Tony Blair que retire os soldados britânicos do Iraque. Um caixão de papelão com o cartaz “100 mil mortos” foi colocado em frente ao prédio da embaixada dos EUA. A multidão gritava: “George Bush, Tio Sam, O Iraque será o teu Vietnã”.
Também ocorreram atos em outras capitais, como Atenas (Grécia), Sydney (Austrália), Estocolmo (Suécia), Johannesburgo (África do Sul) e Santiago (Chile).

Protestos no Brasil

  • São Paulo (SP)
    Cerca de cinco mil saíram às ruas no dia 19, concentrando-se na Avenida Paulista e seguindo em marcha até a Praça da Sé.
    A Conlutas teve uma participação importante, sendo a responsável pela maior coluna. Era também a mais animada, com tambores e palavras de ordem que ecoaram pelas ruas. O PSTU esteve presente com sua militância e suas bandeiras, integrando também a coluna. “Contra a tortura americana, viva a resistência iraquiana!”, gritavam os manifestantes. O ato, entretanto, não se voltou somente contra a invasão do Iraque. A intervenção do Haiti também foi alvo das críticas. Os manifestantes entoavam “Fora já, fora já daqui, Bush do Iraque e Lula do Haiti”. O ponto alto foi a queima de um boneco com a máscara de Bush e da bandeira dos EUA, na Sé.

  • Belo Horizonte (MG)
    Pela manhã, cerca de mil pessoas saíram em passeata pelo Centro, entoando palavras de ordem pela retirada das tropas americanas do Iraque e das tropas brasileiras do Haiti. Em frente ao McDonalds, os manifestantes depositaram cruzes e sapatos velhos, representando os iraquianos mortos. Também queimaram a bandeira dos EUA.

  • Brasília (DF)
    O ato foi realizado em frente à embaixada dos EUA. Diretores da CUT e da UNE tentaram impedir que a Conlute falasse. A manobra para calar os que denunciavam a subserviência de Lula ao imperialismo não foi bem-sucedida. Dezenas de ativistas, aos gritos de “Democracia!”, obrigaram os governistas a concederem a palavra à Conlute. Após esse incidente, Joãozinho, da CUT-DF, declarou: “No próximo ato, quem for contra o Lula não fala”.

  • Fortaleza (CE)
    O ato aconteceu no dia 18, com cerca de 300 pessoas, em sua grande maioria estudantes secundaristas. O protesto reuniu também trabalhadores da construção civil e contou com a participação do PSTU e do PCR. As palavras de ordens centrais foram pela retirada das tropas de Bush do Iraque e as de Lula do Haiti e pelo apoio à resistência iraquiana.

  • Nova Iguaçu (RJ)
    Mais de cem ativistas participaram da manifestação no dia 19. O final da passeata ocorreu em frente à prefeitura, onde os manifestantes aproveitaram para exigir do prefeito Lindberg Farias (PT) o fim do horário livre no comércio e das perseguições aos ambulantes. “Ao contrário de Lindberg, que passa os fins de semana na praia de Copacabana, os comerciários de Nova Iguaçu não podem mais ver suas famílias, pois são obrigados a trabalhar sábados e domingos”, declarou Renato Gomes, do sindicato dos comerciários.

    Colaboraram: Larissa Morais (Belo Horizonte), Patrick Galba (Nova Iguaçu), Fausto Pinheiro (Fortaleza) e Carlos Henrique (Brasília)

    Post author Yara Fernandes*, da redação
    Publication Date